quinta-feira, 5 de agosto de 2010

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Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis."

Tenho lido muito Caio Fernando. Sem nenhuma razão específica. É que sou de fases, como a lua. Li muito Saramago há algum tempo atrás, li muito Kafka depois, li muita revistinha em quadrinho.

O Caio Fernando tem despertado em mim uma hiperconsciência das coisas, uma sensação de supraperpepção, como se, de repente, eu soubesse de tudo que sinto, de tudo que sou, de tudo que fui e como cheguei até aqui.

Uma vontade de escrever também. Se bem que escrevo muito, sobretudo quando algo me incomoda. Mas é uma vontade estranha de amar, sabe? De ser amada, de abrir os braços e sentir o vento no peito, de respirar, de ver o céu azul, de - de repente - usufruir de todas as coisas que eu deixei passar durante tanto tempo, porque estava ocupada com coisas mais sérias e importantes.

Fiquei pensando nele, hoje de manhã, enquanto vinha pra o trabalho. Num dos textos, e em vários, ele fala do quanto teme a solidão, do quanto anseia conhecer o amor, a amizade, aqueles que fazem a vida valer a pena. E eu percebi que sei exatamente o que ele está falando.

É, porque, querendo ou não, a gente vive exatamente em função de encontrar aquilo que faz a vida valer a pena. A gente vive à espera de poder cantar abraçado na beira do mar: 'É isso aí, como a gente achou que ia ser, a vida tão simples é boa quase sempre...' Vive, sim. E eu também. Não é aquilo em que eu mais penso, mas é aquilo que mais me move.

E eu, que alardeio tanto que vivo pra mim, me pego pensando que vivo tentando me melhorar, crescer espiritual, profissional, intelectualmente, me melhorar físicamente, pra deixar 'a mesa posta, a casa limpa e cada coisa em seu lugar', como bem Caio citou Bandeira. E como ele bem disse, esperando a Desejada das gentes, e não a Indesejada. Eu anseio pela vida, e não pela morte.

Admito. Estou cheia de planos. Quero realizar tudo que eu quis desde que era uma menina. Quero retomar meu lugar dentro de mim, minhas rédeas, viajar, fazer alguma coisa muito bem feita, ser uma excelente profissional diplomada, pós-diplomada, falar mais de uma língua, cantar no chuveiro, me sentir bem comigo, me sentir bem com meu corpo, com a minha alma, ter um mundo vasto de cultura dentro de mim, conversar sobre qualquer coisa, desde novela a futebol, passando pela cultura afegã. Quero ter o sorriso mais bonito e mais sincero, o olhar mais carinhoso, dizer o que penso e o que sinto sem receio de magoar, de invadir, de ser magoada, de ser invadida.Quero meu canto, quero meu lar, quero minha sala e um violão, ainda que eu não saiba tocar. Quero meus amigos, meus discos, meus filmes, meus livros.

Quero ir embora daqui, caminhar de manhã no Leblon, esbarrar com o Chico Buarque.

Mas de tudo o que eu quero, o que eu mais quero é ser um presente, e dar esse presente a alguém, alguém que o mereça muito, que saiba o exato valor, nem menos nem mais e que leve consigo, como um amuleto, pra onde for, com filhos, e sorrisos, e nada mais.

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