domingo, 28 de novembro de 2010

Passou, passou...

Acho que enfim, posso dizer que o pior passou.
Estive a me observar ontem e hoje, depois do que seria o de praxe.
O efeito de uma salmonela sobre o intestino era similar ao efeito disso sobre meu coração; bastava alguns segundos de contaminação e era dor de barriga pra mais de semanas. Daquelas que parece que você vai morrer, embora você nunca tenha ouvido falar de ninguém que morreu de dor de barriga.


Mas hoje eu respirei e oxigenei o cérebro como há tempos não fazia.

Todo esse regurjitar do não-deu-certo foi só teima e birra do meu coração, da minha mente, do meu orgulho. Não sei precisar quem estava mais teimoso sobre isso.

Mas acho que expurguei isso. Clareei as idéias enquanto pensava no meu futuro próximo.

Vou viajar em breve. Vou curtir isso como férias que eu não terei em muito, muito tempo!
Paquerar o céu, namorar o mar, me apaixonar pelos veleiros nos portos silenciosos, como diria Vinícius de Moraes.

Restaram pequenas coisas práticas que ainda preciso resolver. As coisas sentimentais-psicológicas estão em ritmo de baixando-a-poeira. Finalmente. E demorou mais do que eu previa. Demorou muito até meu croissant voltar ao lugar dele. Devolver ao baço aquele órgão estranho que estava ocupando seu espaço e que, erroneamente, chamo de coração.

O fato é que percebi que não há nada a ser esperado. Porque, se ficou aquela sensação estranha de carta sem ponto final, de história nunca claramente conversada e resolvida, talvez more exatamente aí a minha passagem para um futuro claro, sem pesar. Talvvez seja essa a maneira de deixar restar um perfume bom.

"Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde. Nunca nos falamos, praticamente, nunca nos olhamos. Ficou só aquela vibração de silêncio, muito forte."

Eis que agora me deparo com a vida, a vida mesmo, sem esses rodeios a que me permito e em que me engancho mais que deveria. Entrego-me novamente à patente realidade: sempre serei só comigo mesma. Porque moro dentro de mim e meus planos sempre foram assim. E se um dia tiver filhos, coisa que pretendo, ainda serei só.
Eu aprendi isso com o Caio Fernando também. De fato, ele tem me ensinado muitas coisas boas.

O fato, é que eu agora estou um pouco ansiosa, um pouco trêmula e muito feliz pelos dias que virão. Sabe os ventos da mudança? Seguem meu coração. Sinto-os a permear o ar com um perfume delicioso que cheira a nova vida. Acabou o retorno de Saturno. Acabou, com a vinda da Revolução Solar. {Qual é o teu Arcanjo? Tua pedra preciosa? Acho tocante acreditares nisso.}

Percebi isso quando me notei repleta de pessoas incrivelmente, tocantemente lindas, ao meu redor. Os presentes que recebi. Sou alguém cercada de anjos, e eles têm me guiado pela vida. Que doce!

O fato é que, a partir de dezembro, serei somente letras antigas. Ainda bem que ninguém lê, porque decerto não terá o desprazer de vir aqui e perceber que nada mudou. Porque serão dois trabalhos, academia, muay thai, francês, inglês e outras cositas.

E quero aproveitar as vantagens de trabalhar tanto pra ter bons momentos com meus anjos.

Quanto ao que deixo aqui, guardadinho na caixinha de cordas torcidas trespassadas, com um lacinho rosa xadrez, permanece intacto, como lembrança que não irá embora, porque é importante, mas também não estará presente, porque faz parte do que já foi.
Por força ou por necessidade.

E fica o meu pedaço hodierno de Caio:
"Uma cumplicidade muda, e tão secreta que, penso, talvez você nunca tenha percebido. Na minha memória - já tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos."

Feliz, feliz mesmo. Tranquila, confiante e prática.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Inusitado

Ela ainda se pega a sentir o cheiro do corpo dele. Do corpo desconhecido de onde ela bebeu na noite anterior. Um cheiro peculiar, cheiro característico de gente, de homem. De homem desconhecida. Mas alguém, alguém que tem vida... e família... e projetos. E passado e futuro. Embora seja-lhe, tudo isso e ela, desconhecidos. Mas o cheiro dele se tornou confidente íntimo. O cheiro se tornou a prova cabal que tinha de que tudo aquilo não foi um sonho. Aconteceu. Na desordem da embriaguez, que amplifica os erros e turva a mente, de fato, aconteceu. Ele tinha um cheiro. E tinha, ele, um gosto. Que ficaram. Como o gosto é mais volátil à memória, porque só reaparece quando se compara a si, quando retorna, quando ocorre novamente, resta o cheiro, que se misturando o seu próprio fica mais fácil de lembrar. O seu suor parece ter o mesmo cheiro do suor dele. O seu hálito, o seu corpo. E ainda que isso não signifique nada, porque foi efêmero e passageiro, pareceu-lhe uma libertação. Seguindo dia seguinte, sol a pino, nada a falar. Nada a dizer, mas era um novo dia a se viver. Caminhando sob a dialética de um sol ardoroso, conversava consigo. Conservando o lado bom, porque não merecia arrependimento. Erro tolo, sem precauções, inconsequente, libertino. Mas bom, como são os melhores erros. Há erros deliciosos e esse, sem dúvida, foi o melhor em muito tempo. Caminhando sol a pino, dolorido o corpo, íntegra a alma. Renascendo do erro. Renascendo da libertinagem, da boemia. Seguia, caminho afora. "O dia adentro". Impulso vital fortalecido pela alma enamorada da liberdade, da imensa, indizível liberdade de ser só e a si. E essa força que jorrava de si, como a nascente de uma verve insana que havia de vir.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Meu novo lema



Obrigada, Bode.
Roubei sua tirinha do Calvin.

Porque meu novo lema também é esse.
Que se dane!

Enfim...
Focada no que vale realmente a pena gastar meus neurônios, meu tempo, minha paciência e investir a minha fé.

Já achei outra academia. Agora não dá mais de fazer na hora do almoço, então vai ser na hora do rush mesmo. Mas então as corridinhas matinais não podem falhar, porque daí eu uso o tempo só pras máquinas. E o mais legal é que pelo preço da outra, faço musculação e ainda volto pro muay thai! Eba! Isso é algo pelo que vale a pena suar. rsrs.

E já estou na expectativa de como vai ser a partir do dia 1º. De como vai ser diferente! Treinamentos, viagens, trabalho, trabalho, trabalho. Aprendizado novo.

Tenho que decidir o que vou fazer até janeiro. Mas acho que já sei.
Minha época de indecisão também já se foi há muito tempo.

Enfim.
Agora, só quero mais samba!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Que seja doce

"Para os dragões, nada mais inconcebível que dividir seu espaço - seja com outro dragão, seja com uma pessoa banal feito eu. Ou invulgar, como imagino que os outros devam ser. Eles são solitários, os dragões. Quase tão solitários quanto eu me encontrei, sozinho neste apartamento, depois de sua partida. Digo quase porque, durante aquele tempo em que ele esteve comigo, alimentei a ilusão de que meu isolamento para sempre tinha acabado. E digo ilusão porque, outro dia, numa dessas manhãs áridas da ausência dele, felizmente cada vez menos freqüentes (a aridez, não a ausência), pensei assim: Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo."

E foi doce e será. Porque de algum jeito eu tenho que descobrir como dizer: Já passou.
Tenho que voltar a ser quem eu era, despreocupada dessas coisas de ser só, de sentimentos, de descobrir porque nos apaixonamos e porque não o conseguimos deixar de lado simplesmente apertando um botão onde tenha escrito: Ejetar sentimento.

Mas ora, é possível mesmo voltar? Às vezes temo que isso tenha despertado em mim uma necessidade adormecida que não possa mais controlar. Agora quero. Teimo, bato o pé. Choro e rolo no chão. Agora, eu quero, sim.

Talvez seja assim. Talvez esteja na hora de ser. Mas o que eu queria mesmo era que não fosse. Queria me olhar no espelho e reconhecer a pessoa pra quem eu olho, como sendo aquela, com os pés sobre a segurança dos relacionamentos frios.

Usando todo meu amor com meus amigos e nunca o desperdiçando com mais ninguém.
Enfim.
Uma noite de samba, umas bebidinhas e alguma diversão me fez muito bem, obrigada.
Então, só posso dizer assim: Que seja doce.

Que meu novo carnaval seja bem doce, bem risonho. Como chegar de manhã na casa da amiga, com o cabelo desalinhado, a sandália na mão e um sorriso no rosto.
E sentar no sofá, tomar um café, contando o que você aprontou, como uma criança que diz: roubei um doce.

Porque busco, mais que tudo, o equilíbrio em mim, sabe? O equilíbrio de todas as Annas andando juntas, sem pesar demais sobre nenhum lado. E caminho, costurando um pouco de cada coisa, como uma colcha de retalhos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Meu coração

Meu coração é um cão sentado sobre um Enkan. Ele dorme, rosna e respira com a língua de fora diante da universalidade da compreensão do mundo, das pessoas e da fé. Inocente de si, ele dorme sobre o Enkan, com a cabeça entre as patas, olhando amoroso seu dono. Meu coração é um cervo não-sabidamente imponente, olhando o horizonte sobre o Torii. Ele não sabe, mas habita entre os dois mundos e trota desavisado entre os imortais, entre os desiguais. Ele não enxerga diferença entre os homens e os deuses. E somente busca, não sabendo o que. Meu coração é uma formiga que caminha sobre as nove pontas da Estrela que simboliza a perfeição, na Fé Bahá-í. Indo por um caminho sem fim, sem contar quantas voltas dá, na absurda certeza que chegará em algum lugar, assim. Meu coração é um menininho Down, deitado de barriga sobre o Darmacakra, que ri juntando lápis de cor, sem no entanto pintar ou desenhar nada. E sério, os junta e separa. Os entrega pra mim e me sorri. E sem seguida pede de volta. Ele me ensina toda a sabedoria que tem, e é infinitamente superior à minha. Meu coração é um corvo pousado sobre a asa esquerda quebrada de um Ferohar de cimento, numa praça vazia. Ele grasna para o céu azul, em busca do seu par, sem saber se existe nem onde está. Mas ele não se questiona sobre isso. Ele grasna. Ele não sabe se é vivo ou morto, se é ou nunca será. Mas ele o chama. Meu coração é uma mulher histerectomizada, nua, sem pêlos, deitada sobre uma cama com estampas de Pentagrama. Ela fuma um cigarro, e seu sexo tem cheiro de sândalo. Ela está só e com todas as pessoas do mundo ao mesmo tempo. Meu coração é um preto velho fumando cachimbo sentado sobre um um tronco cortado, onde está entalhado o Valknut. Ele pensa na mãe África e nos seus antepassados e tem uma sabedoria diletante, em que a arte é uma cultura estereotipada num canto de rua sujo e mal-frequentado. E ele a ama e nem sabe o que é um Valknut... Meu coração é o capitão de um barco pesqueiro, em busca da Ilha Desconhecida, e dentro dele há plantações e árvores de raízes e troncos frondosos, onde um homem dorme abraçado com sua mulher à luz do luar. Ele navega a olhar o infinito, sabendo que na hora que tiver de ser, a Ilha Desconhecida se fará conhecer. E ele norteia sua navegação com um timão que ele não sabe ser uma Roda Dharmica. Meu coração é uma borboleta pousada sobre uma Flor de Lótus, bebendo o néctar da energia emitida por ela, que ilumina a vida, direciona o mundo e transcede o tempo. Meu coração é o Quasímodo a hastear a bandeira dos Sikhs, e a homenagear a perfeição do Khanda. Inexato, imperfeito, inacabado, intocado. A adorar a perfeição que busca. Meu coração é a tatuagem do Aum sobre o meu seio. Divinamente criado, perfeitamente imperfeito. Meu coração é uma gata a rolar o Yin-Yang pela sala, a correr atrás dele inocentemente, como um novelo de lã. Uma gata preta e peluda que ronrona entre as pernas, os braços e sobre as costas do seu dono. Ela o conquista e por ele é conquistada. Meu coração é uma lagarta colorida que arde ao toque na pele, tão incipiente de que o faz, porque se defende. É o inimigo mais amedrontado, que ataca pra se defender. Ela desliza seu corpo anelado pela Cruz, ciosa de encontrar um ponto no qual se possa preparar para se tornar outro ser, para modificar seu rosto, seu corpo, sua existência. Meu coração são meninos que brincam com os pés dentro do lago. Fazendo cara e coroa com a Estrela de Davi, a verem o seu movimento hiperbólico cortando o céu azul. E ela escapa-lhes às mãos, e cai no fundo do lago, onde ninguém mais a pode achar. E meu coração sai a correr sobre a água e a pular, deixando tudo isso pra depois, porque, pra meu cético coração, a única religião é o desconhecido amor sem fim.

"Que friagem nenhuma encabule o meu calor mais bonito." Algo assim. Ontem eu fui pegar um ônibus ali longe, porque queria caminhar e ir fumando um pensamento. Caminhei devagar pela rua, depois de passar na loteria e fazer pagamentos. Eu não costumo ter religião, sabe, mas eu gosto de passar em praças com Igrejas. Ou Igrejas sem praças mesmo. Tenho uma sensação de quando eu era pré-adolescente e fazia eucaristia. Eu me sentia num lugar santo ali. As árvores eram mais bonitas, as cabaceiras tinham uns cipós engraçados e, óbvio, cabaças penduradas, verdinhas como melancias, mas que eu nunca sabia o que eram, de fato. Elas ficavam em canteiros grandes, quadrados, pelo pátio interno, que era chamado de Salão Paroquial, e onde comumente a gente se sentava pra conversar. E era tão acolhedor, tão mais acolhedor que a própria igreja em si, que era dali que eu gostava de assistir à missa. Foi a única coisa que me restou das práticas católicas. Como o cheiro de orvalho de manhãs no quintal. Então, acho que, intimamente, quando eu passo por uma Igreja, eu me sinto ali, sentada dos canteiros, com meus sonhos e a minha visãozinha inocente de que o mundo era perfeito. Chguei ao ponto. Sentei-me lá, no escuro, só, esperando o ônibus; não era tão acolhedor, não, e eu estava com medo de assalto. Mas me perdi um pouco pensando no que está porvir. As mudanças, tudo que preciso resolver com elas. Tudo que pode ser mas ainda não tem data para ser definido. E o que já tem, e o que já está. Foi então que eu me dei conta de como tenho sorte na vida. Sorte, e não estou falando de filhos feitos de amor. Não sei, mas suspeito que a gente colhe mesmo o que planta. Suspeito que eu me tornei uma pessoa muito melhor depois da queda, embora o levantar-me tenha demorado tanto a começar. Mas o fato é que aconteceu. E eu me sinto vivendo em um outro mundo. Acho que minha inteligência emocional demorou tanto a acompanhar as outras, mas finalmente ela cresceu. E de repente, me olhando assim, eu vejo a criança plena brincando. Vejo a cor das cabaças, e acho o mundo lindo. O mundo é perfeito.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sabe o que é um Haldol?

Preciso de um, só que ao contrário, entende?

Minha crise de loucura, insanidade e sentimentos desenfreados tá passando, passando, não sei se resolvo ainda ouvi-la ou desistir.
Na verdade, seguindo o coração, meu diabinho safado diz: Vaaaaaaaaaaaaaai!
E seguindo a razão, o patético anjinho quatro-olhos diz: Pense beeeem....

Mas se alguém me puder dar uma dose de anti-Haldol, mesmo que receitando por escrito, eu me decido...

Ninguém me diz: Desista, desista. Algumas dizem: Pense bem... Se acha que vale a pena tentar...
Outras dizem: Vai! Vai! Vai!

E aí? Vou ou não vou?


[E é, a DR das áreas da minha vida tá quase chegando a um ponto de colher. Aliás, já começou. Grandes mudanças, boas mudanças. Mudança número um e dois: Job & College...]

Yeah!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Rascunhos antigos

Dormi tão tarde ontem, entendendo-me pela internet. Na verdade, exercito o compreender a mim mesma, enquanto compreendo os outros. E, às vezes, você anda tão em sintonia com alguém que digita enquanto ela escreve o que você estava pensando e vice-versa. Assim, nos compreendemos mutuamente, eu e ela. Estava pensando sobre isso. Caio passou a vida tentando encontrar um grande amor ou amizade que a justificasse. As amizades eu já tenho. Estou tentando resolver minha dislexia sentimental pra ser capaz de reconhecer o amor, quando o encontrar. Ou o reencontrar. E me deixar reconhecer, assim, porque... eu me defendo demais. Eu sei. Aliás, eu não sei. Defendo-me e me entrego de um jeito paradoxal que beira a insanidade. Mas não sei, não estava falando disso. Estava falando das grandes amigas que tenho, com quem tenho o prazer de contar quando preciso compartilhar as coisas que me corroem o coração. Elas me sabem sem que eu necessite de explicar. Elas me amam, independente de qualquer ocasião incerta e me entendem, mesmo quando eu mesma não o consigo fazer. E não é fácil entender esse meu desassossego. Esse meu desatino de querer sempre e mais, mesmo sem saber o que, como se a vida fosse acabar a qualquer momento, como um gole curto de água que acaba antes da sede. Essa minha pressa de não sei, que se alterna com a minha inércia diante do que me amedronta. Esse meu jeito doido de ser feliz sem razão, de me entorpecer de sonhos, rir e chorar sozinha, imaginando coisas que, quiçá, nunca ocorrerão. Essa súbita coragem de correr o mundo em busca de um grão de amor. Não sei o que busco, mas sei que busco. E buscar é importante pra mim, me move, me motiva. Não quero segurança, nem dinheiro na conta, nem saber bem o dia de amanhã. Quero saber quem o dia de amanhã, entende? Quero saber amanhã que o ontem enche meu coração de risos, de guizos. Conquanto não sei o que dizer, sigo dizendo o que não penso.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Insanidade

Insanidade temporária e espero que não passe antes que eu ponha em prática o que preciso.

Em homenagem à minha súbita coragem:

"Não pense que o mundo acaba ali onde a vista alcança. Quem não ouve a melodia, acha maluco quem dança. Se você já me explicou, agora muda de assunto! Hoje eu sei que mudar dói, mas não mudar dói muito.

Dizia Erasmo de Rotterdan que o pai da loucura é Platão. A mãe dela é a juventude e e dizem que teve um irmão que batizou enstusiasmo e mora no Maracanã, passeia em casais abraçados e dorme no colo de Yansã.
A natureza não precisa de arte... O amor não precisa do poeta...
Às vezes, é o porto que parte e é o alvo que procura a seta.
Talvez seja filosofia, talvez seja falta de assunto...
Mas não há quem dirá (quem diria!) a verdade só, só junto que junto a verdade aparece e ser só metade é ser só, e só quem amou sabe disso.


Gigante olha a pedra e vê pó...."


Obrigada, Oswaldo!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Procv

Pensando com a pontinha dos dedos. Lendo limite branco, me dei conta que eu também espero. Na fila do pão, andando na rua, esbarrando em alguém. Eu também procuro, nessa maneira estranha de parecer, sobretudo a mim mesma, não precisar de ninguém e nada que me complete. Dei-me conta, Caio: " Quando escrevo poesia, é sobre isso que escrevo: o medo da solidão como sina. E vivo a lavrar o campo, a limpar a casa, a colocar as coisas nos seus lugares certos; só que o que eu espero é a Desejada, não a Indesejada. Eu espero a Vida, não a Morte. Não sei se ela virá. E não sei se apenas por estar dentro dela, isso significa que ela esteja em nós, em mim. (...) Gostaria de fazê-la sentir (e não só ela, mais todo mundo) que não preciso de ninguém. Mas não adianta: um dos meu males é ter medo de magoar as pessoas. Não precisar de ninguém... E há pouco me queixava de solidão. Eu não me entendo mesmo. Cansei de ficar escrevendo. Tem um sol muito bonito lá fora. Queria aproveitá-lo junto com alguém. Como esse alguém não existe, vou ter que aproveitar sozinho. Vou até a minha praça, na beira do rio. Ver o pôr-do-sol e, por um segundo, sentir uma alegria enorme. Depois, uma espécie de medo sem pergunta e a tristeza crescendo fazendo nascer a vontade de morrer. Ou de viver ainda mais, com muito mais intensidade." Alguém pode me presentear com um livro de Caio Fernando? Poderia ser Morangos Mofados. É, poderia. Eu já me dei Rubem Fonseca esse ano. Já me dei Saramago e Chico. Queria dar-me Bukowski, mas não o encontro em lugar algum. Velho Safado. Queria me dar alguém também, alguém que decerto não quer se ser me dado. Deu pra entender? Mas tudo bem, estou a ver correr o rio. Não passivamente, sabe? Porque até a música-tema da novela das seis sabe que nada muda se você não mudar. Estou definitivamente disposta a dar um passo quilometricamente maior que minhas pernas por um último apelo do meu apego que não vai embora. E nem alimentado ele está, estranha coisa. Estranha experiência essa... Então, momento de concatenar a vida, sabe? De reunir tudo que precisa ser reunido. Todos os aspectos da minha vida e pô-los para conversar, como numa terapia de casal, só que sozinho. Tramar o futuro, esquecer o passado. Someente o que deve ser esquecido. Somente o que falhou. Há algo bom que ainda não feneceu. E é nesse algo que me agarro. Deve ser esse o apego arraigado que mora no meu peito. Dândi, dândi. Só enxerga a si e se acha lindo. Mas deixa estar, morena, que amanhã é sábado, dia de sol e você vai respirar. Vai pro samba e assim, entre uma caipiruva e um sambinha, talvez pense melhor e resolva conseguir esquecê-lo. Ou talvez resolva-se a roubá-lo de vez.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Porquês

Se me sinto sozinha, se me perco Na régua exata e inequívoca do Tempo. Se proporciono ao universo um gozo imenso De rir de mim, sozinha e perdida, eu não entendo. Não compreendo, porque desígnios sagrados Sou tão errante, tão nômade de mim. Por que adentro estas casas, estes terrenos? Por que, certeira, acerto o passo ao desatento? Por que, por quê? Por que porquês tão sem fim?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Fim de Tarde

Fim de dia... De mais um. Novas perspectivas. Espero que dêem certo, porque seriam a confirmação de que um novo princípio se aproxima. Aliás, seriam a confirmação - corrijo - que as sementes que plantei para um novo princípio começam a florescer.
Que o universo conspira a favor dos meus planos. De todos: profissionais, estudantis, sentimentais e outros mais.

Yes. I've plans. And they'll go on.


[Ok, confesso, enquanto escrevo isso, me deparo comigo mesma, minha imagem, olhando pra mim com um olhar malicioso no vidro da janela em frente. E sorrio no canto da boca um sorriso diabólico.]

Ao delicioso som de Caro Emerald:

"Without him
I really don't mind
a little bit lonely
he'll make up in time
as long as he loves me
he'll answer his crime
the door stays wide open
I know that he's mine."


"When everything you think is incomplete
Starts happening when you are cheek to cheek
Could you ever dream it
I have never dreamed, dreamed a night like this"


[Wait for me, my darling. I'll sing this to you, very closer.
Don't fool yourself, my sweetheart: our mixtape isn't finished yet.]

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mentira

"Je ne t'aime plus, Mon amour...Je ne t'aime plus... Tous les jours."

Johnny Walker? Keep Walking?
Eu quero enganar quem?
Passaram dias, passaram meses - sim, meses já se passaram, por incrível que me pareça... - e eu ainda tô pensando nisso.

Estranhando-me, mas não sei.

domingo, 7 de novembro de 2010

Sim, eu também não sei.

É louco. E meio triste a gente procurar uma coisa assim que não sabe definir. Que na verdade, eu sei, não tá em ninguém além de mim, da minha insana criatura mascarada, presa nas paredes do corpo mesmo.
Essa angústia de alguma coisa incompleta, sabe? Acho que sou louca, acho que os loucos sentem isso.
Essa minha mistura de ceticismo e fé cega.
Como sei lá quem inventou um dia de dizer: É preciso fé cega e pé atrás.
Pintando as unhas da cor mais esdrúxula que eu consiga encontrar, talvez eu grite: Falta alguma coisa!
Retomando a faculdade, talvez eu me sinta mais ocupada em alguma coisa objetiva que deixe minha cabecinha oca a vagar em lugar nenhum, fingindo ter alguma coisa em que pensar e se negando a tomar alguma atitude quanto ao que penso ou sinto.
Não, meu amor, eu não quero mais fugir. Mas não quero tentar do mesmo jeito.
Quero ter ainda o que não tive, sabe? É uma coisa nova, que talvez vá me dar o sentido que falta, a verdade que ainda não acreditei mesmo.
Que tem motivo pra ser.
Sim, eu, você, a vida. Que não somos apenas seres vivos, com necessidades fisiológicas e nada mais.
Lógicas.
Na penumbra do meu quarto vazio, sem som de voz que me possa me dar prazer, alisar a alma, aquecer o coração, eu me sinto numa caixa.
Numa caixa esperando a primeira oportunidade pra fugir. O momento em que eu fatalmente vou esquecer a tampa aberta e vou sair correndo pra não voltar mais.
Eu vou fugir, eu sei. Dessa coisa estranha que tem me consumido que eu não consigo nem nomear. Que não me deixa dormir em paz. Que não me permite sonhar. Tampouco cair na real.
O que eu espero? Eu não sei. Não é uma espera que me paralisa. Talvez até me empurre, talvez até me faça saltar adiante, me impelindo para o que não sei.
Esses olhares que não me incomodam, mas me parecem tão vazios do que eu busco, sabe? E olho como quem diz: Não queria que você me olhasse. Não era você que eu queria que me olhasse.
Entende esse meu tédio, meu doce, entende. Porque é pura falta de alguma coisa que eu não sei.
E eu me ocupo de pensar que sei o que é.