quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."

Ando meio lamuriosa esses dias.
Passou, passou. Eu sei que passou e que não foi nada do que ninguém esperava. Mas esses dias, o trabalho novo que ainda não se acertou, ficar o dia inteiro só observando, sem fazer nada efetivo, me deixa a pensar.

Semana passada eu disse que não quando queria dizer um sim. Mas passou, ficou tarde. Ficou muito em cima. Era mover tanto esforço por uns minutos. E sei lá, acho que tive muito medo.

Enfim. Não tinha outra opção senão o meu não.

Então, trechos de músicas me deixam... "tão à flor da pele. Qualquer beijo de novela me faz chorar."

Assisti um filme e ainda canto a música:
"Il y a longtemps que je t'aime
Jamais je ne t'oublierai


J'ai perdu mon amie,
Sans l'avoir mérité
Pour un bouquet de roses,
Que je lui refusai..."


Li uma frase que me ecoa ao coração:
"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..."

Canto uma música que meio me faz chorar...

"Trocamos confissões, sons
No cinema, dublando as paixões
Movendo as bocas
Com palavras ocas
Ou fora de si
Minha boca
Sem que eu compreendesse
Falou c'est fini
C'est fini
Tantas palavras
Que eu conhecia
E já não falo mais, jamais
Quantas palavras
Que ela adorava
Saíram de cartaz
Nós aprendemos
Palavras duras
Como dizer perdi, perdi
Palavras tontas
Nossas palavras
Quem falou não está mais aqui"


Está chuvoso aqui, e a chuva me deixa ainda mais dengosa... Ainda mais triste.
Ainda mais só.

"Se a voz da noite responder... Onde estou eu, onde está você? Estamos cá dentro de nós.



Sós.


Onde andará o meu amor?"

domingo, 28 de novembro de 2010

Passou, passou...

Acho que enfim, posso dizer que o pior passou.
Estive a me observar ontem e hoje, depois do que seria o de praxe.
O efeito de uma salmonela sobre o intestino era similar ao efeito disso sobre meu coração; bastava alguns segundos de contaminação e era dor de barriga pra mais de semanas. Daquelas que parece que você vai morrer, embora você nunca tenha ouvido falar de ninguém que morreu de dor de barriga.


Mas hoje eu respirei e oxigenei o cérebro como há tempos não fazia.

Todo esse regurjitar do não-deu-certo foi só teima e birra do meu coração, da minha mente, do meu orgulho. Não sei precisar quem estava mais teimoso sobre isso.

Mas acho que expurguei isso. Clareei as idéias enquanto pensava no meu futuro próximo.

Vou viajar em breve. Vou curtir isso como férias que eu não terei em muito, muito tempo!
Paquerar o céu, namorar o mar, me apaixonar pelos veleiros nos portos silenciosos, como diria Vinícius de Moraes.

Restaram pequenas coisas práticas que ainda preciso resolver. As coisas sentimentais-psicológicas estão em ritmo de baixando-a-poeira. Finalmente. E demorou mais do que eu previa. Demorou muito até meu croissant voltar ao lugar dele. Devolver ao baço aquele órgão estranho que estava ocupando seu espaço e que, erroneamente, chamo de coração.

O fato é que percebi que não há nada a ser esperado. Porque, se ficou aquela sensação estranha de carta sem ponto final, de história nunca claramente conversada e resolvida, talvez more exatamente aí a minha passagem para um futuro claro, sem pesar. Talvvez seja essa a maneira de deixar restar um perfume bom.

"Não é saudade, porque para mim a vida é dinâmica e nunca lamento o que se perdeu - mas é sem dúvida uma sensação muito clara de que a vida escorre talvez rápida demais e, a cada momento, tudo se perde. Nunca nos falamos, praticamente, nunca nos olhamos. Ficou só aquela vibração de silêncio, muito forte."

Eis que agora me deparo com a vida, a vida mesmo, sem esses rodeios a que me permito e em que me engancho mais que deveria. Entrego-me novamente à patente realidade: sempre serei só comigo mesma. Porque moro dentro de mim e meus planos sempre foram assim. E se um dia tiver filhos, coisa que pretendo, ainda serei só.
Eu aprendi isso com o Caio Fernando também. De fato, ele tem me ensinado muitas coisas boas.

O fato, é que eu agora estou um pouco ansiosa, um pouco trêmula e muito feliz pelos dias que virão. Sabe os ventos da mudança? Seguem meu coração. Sinto-os a permear o ar com um perfume delicioso que cheira a nova vida. Acabou o retorno de Saturno. Acabou, com a vinda da Revolução Solar. {Qual é o teu Arcanjo? Tua pedra preciosa? Acho tocante acreditares nisso.}

Percebi isso quando me notei repleta de pessoas incrivelmente, tocantemente lindas, ao meu redor. Os presentes que recebi. Sou alguém cercada de anjos, e eles têm me guiado pela vida. Que doce!

O fato é que, a partir de dezembro, serei somente letras antigas. Ainda bem que ninguém lê, porque decerto não terá o desprazer de vir aqui e perceber que nada mudou. Porque serão dois trabalhos, academia, muay thai, francês, inglês e outras cositas.

E quero aproveitar as vantagens de trabalhar tanto pra ter bons momentos com meus anjos.

Quanto ao que deixo aqui, guardadinho na caixinha de cordas torcidas trespassadas, com um lacinho rosa xadrez, permanece intacto, como lembrança que não irá embora, porque é importante, mas também não estará presente, porque faz parte do que já foi.
Por força ou por necessidade.

E fica o meu pedaço hodierno de Caio:
"Uma cumplicidade muda, e tão secreta que, penso, talvez você nunca tenha percebido. Na minha memória - já tão congestionada - e no meu coração - tão cheio de marcas e poços - você ocupa um dos lugares mais bonitos."

Feliz, feliz mesmo. Tranquila, confiante e prática.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Inusitado

Ela ainda se pega a sentir o cheiro do corpo dele. Do corpo desconhecido de onde ela bebeu na noite anterior. Um cheiro peculiar, cheiro característico de gente, de homem. De homem desconhecida. Mas alguém, alguém que tem vida... e família... e projetos. E passado e futuro. Embora seja-lhe, tudo isso e ela, desconhecidos. Mas o cheiro dele se tornou confidente íntimo. O cheiro se tornou a prova cabal que tinha de que tudo aquilo não foi um sonho. Aconteceu. Na desordem da embriaguez, que amplifica os erros e turva a mente, de fato, aconteceu. Ele tinha um cheiro. E tinha, ele, um gosto. Que ficaram. Como o gosto é mais volátil à memória, porque só reaparece quando se compara a si, quando retorna, quando ocorre novamente, resta o cheiro, que se misturando o seu próprio fica mais fácil de lembrar. O seu suor parece ter o mesmo cheiro do suor dele. O seu hálito, o seu corpo. E ainda que isso não signifique nada, porque foi efêmero e passageiro, pareceu-lhe uma libertação. Seguindo dia seguinte, sol a pino, nada a falar. Nada a dizer, mas era um novo dia a se viver. Caminhando sob a dialética de um sol ardoroso, conversava consigo. Conservando o lado bom, porque não merecia arrependimento. Erro tolo, sem precauções, inconsequente, libertino. Mas bom, como são os melhores erros. Há erros deliciosos e esse, sem dúvida, foi o melhor em muito tempo. Caminhando sol a pino, dolorido o corpo, íntegra a alma. Renascendo do erro. Renascendo da libertinagem, da boemia. Seguia, caminho afora. "O dia adentro". Impulso vital fortalecido pela alma enamorada da liberdade, da imensa, indizível liberdade de ser só e a si. E essa força que jorrava de si, como a nascente de uma verve insana que havia de vir.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Meu novo lema



Obrigada, Bode.
Roubei sua tirinha do Calvin.

Porque meu novo lema também é esse.
Que se dane!

Enfim...
Focada no que vale realmente a pena gastar meus neurônios, meu tempo, minha paciência e investir a minha fé.

Já achei outra academia. Agora não dá mais de fazer na hora do almoço, então vai ser na hora do rush mesmo. Mas então as corridinhas matinais não podem falhar, porque daí eu uso o tempo só pras máquinas. E o mais legal é que pelo preço da outra, faço musculação e ainda volto pro muay thai! Eba! Isso é algo pelo que vale a pena suar. rsrs.

E já estou na expectativa de como vai ser a partir do dia 1º. De como vai ser diferente! Treinamentos, viagens, trabalho, trabalho, trabalho. Aprendizado novo.

Tenho que decidir o que vou fazer até janeiro. Mas acho que já sei.
Minha época de indecisão também já se foi há muito tempo.

Enfim.
Agora, só quero mais samba!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Que seja doce

"Para os dragões, nada mais inconcebível que dividir seu espaço - seja com outro dragão, seja com uma pessoa banal feito eu. Ou invulgar, como imagino que os outros devam ser. Eles são solitários, os dragões. Quase tão solitários quanto eu me encontrei, sozinho neste apartamento, depois de sua partida. Digo quase porque, durante aquele tempo em que ele esteve comigo, alimentei a ilusão de que meu isolamento para sempre tinha acabado. E digo ilusão porque, outro dia, numa dessas manhãs áridas da ausência dele, felizmente cada vez menos freqüentes (a aridez, não a ausência), pensei assim: Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma que precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus, para não se perderem no caos da desordem sem nexo."

E foi doce e será. Porque de algum jeito eu tenho que descobrir como dizer: Já passou.
Tenho que voltar a ser quem eu era, despreocupada dessas coisas de ser só, de sentimentos, de descobrir porque nos apaixonamos e porque não o conseguimos deixar de lado simplesmente apertando um botão onde tenha escrito: Ejetar sentimento.

Mas ora, é possível mesmo voltar? Às vezes temo que isso tenha despertado em mim uma necessidade adormecida que não possa mais controlar. Agora quero. Teimo, bato o pé. Choro e rolo no chão. Agora, eu quero, sim.

Talvez seja assim. Talvez esteja na hora de ser. Mas o que eu queria mesmo era que não fosse. Queria me olhar no espelho e reconhecer a pessoa pra quem eu olho, como sendo aquela, com os pés sobre a segurança dos relacionamentos frios.

Usando todo meu amor com meus amigos e nunca o desperdiçando com mais ninguém.
Enfim.
Uma noite de samba, umas bebidinhas e alguma diversão me fez muito bem, obrigada.
Então, só posso dizer assim: Que seja doce.

Que meu novo carnaval seja bem doce, bem risonho. Como chegar de manhã na casa da amiga, com o cabelo desalinhado, a sandália na mão e um sorriso no rosto.
E sentar no sofá, tomar um café, contando o que você aprontou, como uma criança que diz: roubei um doce.

Porque busco, mais que tudo, o equilíbrio em mim, sabe? O equilíbrio de todas as Annas andando juntas, sem pesar demais sobre nenhum lado. E caminho, costurando um pouco de cada coisa, como uma colcha de retalhos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Meu coração

Meu coração é um cão sentado sobre um Enkan. Ele dorme, rosna e respira com a língua de fora diante da universalidade da compreensão do mundo, das pessoas e da fé. Inocente de si, ele dorme sobre o Enkan, com a cabeça entre as patas, olhando amoroso seu dono. Meu coração é um cervo não-sabidamente imponente, olhando o horizonte sobre o Torii. Ele não sabe, mas habita entre os dois mundos e trota desavisado entre os imortais, entre os desiguais. Ele não enxerga diferença entre os homens e os deuses. E somente busca, não sabendo o que. Meu coração é uma formiga que caminha sobre as nove pontas da Estrela que simboliza a perfeição, na Fé Bahá-í. Indo por um caminho sem fim, sem contar quantas voltas dá, na absurda certeza que chegará em algum lugar, assim. Meu coração é um menininho Down, deitado de barriga sobre o Darmacakra, que ri juntando lápis de cor, sem no entanto pintar ou desenhar nada. E sério, os junta e separa. Os entrega pra mim e me sorri. E sem seguida pede de volta. Ele me ensina toda a sabedoria que tem, e é infinitamente superior à minha. Meu coração é um corvo pousado sobre a asa esquerda quebrada de um Ferohar de cimento, numa praça vazia. Ele grasna para o céu azul, em busca do seu par, sem saber se existe nem onde está. Mas ele não se questiona sobre isso. Ele grasna. Ele não sabe se é vivo ou morto, se é ou nunca será. Mas ele o chama. Meu coração é uma mulher histerectomizada, nua, sem pêlos, deitada sobre uma cama com estampas de Pentagrama. Ela fuma um cigarro, e seu sexo tem cheiro de sândalo. Ela está só e com todas as pessoas do mundo ao mesmo tempo. Meu coração é um preto velho fumando cachimbo sentado sobre um um tronco cortado, onde está entalhado o Valknut. Ele pensa na mãe África e nos seus antepassados e tem uma sabedoria diletante, em que a arte é uma cultura estereotipada num canto de rua sujo e mal-frequentado. E ele a ama e nem sabe o que é um Valknut... Meu coração é o capitão de um barco pesqueiro, em busca da Ilha Desconhecida, e dentro dele há plantações e árvores de raízes e troncos frondosos, onde um homem dorme abraçado com sua mulher à luz do luar. Ele navega a olhar o infinito, sabendo que na hora que tiver de ser, a Ilha Desconhecida se fará conhecer. E ele norteia sua navegação com um timão que ele não sabe ser uma Roda Dharmica. Meu coração é uma borboleta pousada sobre uma Flor de Lótus, bebendo o néctar da energia emitida por ela, que ilumina a vida, direciona o mundo e transcede o tempo. Meu coração é o Quasímodo a hastear a bandeira dos Sikhs, e a homenagear a perfeição do Khanda. Inexato, imperfeito, inacabado, intocado. A adorar a perfeição que busca. Meu coração é a tatuagem do Aum sobre o meu seio. Divinamente criado, perfeitamente imperfeito. Meu coração é uma gata a rolar o Yin-Yang pela sala, a correr atrás dele inocentemente, como um novelo de lã. Uma gata preta e peluda que ronrona entre as pernas, os braços e sobre as costas do seu dono. Ela o conquista e por ele é conquistada. Meu coração é uma lagarta colorida que arde ao toque na pele, tão incipiente de que o faz, porque se defende. É o inimigo mais amedrontado, que ataca pra se defender. Ela desliza seu corpo anelado pela Cruz, ciosa de encontrar um ponto no qual se possa preparar para se tornar outro ser, para modificar seu rosto, seu corpo, sua existência. Meu coração são meninos que brincam com os pés dentro do lago. Fazendo cara e coroa com a Estrela de Davi, a verem o seu movimento hiperbólico cortando o céu azul. E ela escapa-lhes às mãos, e cai no fundo do lago, onde ninguém mais a pode achar. E meu coração sai a correr sobre a água e a pular, deixando tudo isso pra depois, porque, pra meu cético coração, a única religião é o desconhecido amor sem fim.

"Que friagem nenhuma encabule o meu calor mais bonito." Algo assim. Ontem eu fui pegar um ônibus ali longe, porque queria caminhar e ir fumando um pensamento. Caminhei devagar pela rua, depois de passar na loteria e fazer pagamentos. Eu não costumo ter religião, sabe, mas eu gosto de passar em praças com Igrejas. Ou Igrejas sem praças mesmo. Tenho uma sensação de quando eu era pré-adolescente e fazia eucaristia. Eu me sentia num lugar santo ali. As árvores eram mais bonitas, as cabaceiras tinham uns cipós engraçados e, óbvio, cabaças penduradas, verdinhas como melancias, mas que eu nunca sabia o que eram, de fato. Elas ficavam em canteiros grandes, quadrados, pelo pátio interno, que era chamado de Salão Paroquial, e onde comumente a gente se sentava pra conversar. E era tão acolhedor, tão mais acolhedor que a própria igreja em si, que era dali que eu gostava de assistir à missa. Foi a única coisa que me restou das práticas católicas. Como o cheiro de orvalho de manhãs no quintal. Então, acho que, intimamente, quando eu passo por uma Igreja, eu me sinto ali, sentada dos canteiros, com meus sonhos e a minha visãozinha inocente de que o mundo era perfeito. Chguei ao ponto. Sentei-me lá, no escuro, só, esperando o ônibus; não era tão acolhedor, não, e eu estava com medo de assalto. Mas me perdi um pouco pensando no que está porvir. As mudanças, tudo que preciso resolver com elas. Tudo que pode ser mas ainda não tem data para ser definido. E o que já tem, e o que já está. Foi então que eu me dei conta de como tenho sorte na vida. Sorte, e não estou falando de filhos feitos de amor. Não sei, mas suspeito que a gente colhe mesmo o que planta. Suspeito que eu me tornei uma pessoa muito melhor depois da queda, embora o levantar-me tenha demorado tanto a começar. Mas o fato é que aconteceu. E eu me sinto vivendo em um outro mundo. Acho que minha inteligência emocional demorou tanto a acompanhar as outras, mas finalmente ela cresceu. E de repente, me olhando assim, eu vejo a criança plena brincando. Vejo a cor das cabaças, e acho o mundo lindo. O mundo é perfeito.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sabe o que é um Haldol?

Preciso de um, só que ao contrário, entende?

Minha crise de loucura, insanidade e sentimentos desenfreados tá passando, passando, não sei se resolvo ainda ouvi-la ou desistir.
Na verdade, seguindo o coração, meu diabinho safado diz: Vaaaaaaaaaaaaaai!
E seguindo a razão, o patético anjinho quatro-olhos diz: Pense beeeem....

Mas se alguém me puder dar uma dose de anti-Haldol, mesmo que receitando por escrito, eu me decido...

Ninguém me diz: Desista, desista. Algumas dizem: Pense bem... Se acha que vale a pena tentar...
Outras dizem: Vai! Vai! Vai!

E aí? Vou ou não vou?


[E é, a DR das áreas da minha vida tá quase chegando a um ponto de colher. Aliás, já começou. Grandes mudanças, boas mudanças. Mudança número um e dois: Job & College...]

Yeah!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Rascunhos antigos

Dormi tão tarde ontem, entendendo-me pela internet. Na verdade, exercito o compreender a mim mesma, enquanto compreendo os outros. E, às vezes, você anda tão em sintonia com alguém que digita enquanto ela escreve o que você estava pensando e vice-versa. Assim, nos compreendemos mutuamente, eu e ela. Estava pensando sobre isso. Caio passou a vida tentando encontrar um grande amor ou amizade que a justificasse. As amizades eu já tenho. Estou tentando resolver minha dislexia sentimental pra ser capaz de reconhecer o amor, quando o encontrar. Ou o reencontrar. E me deixar reconhecer, assim, porque... eu me defendo demais. Eu sei. Aliás, eu não sei. Defendo-me e me entrego de um jeito paradoxal que beira a insanidade. Mas não sei, não estava falando disso. Estava falando das grandes amigas que tenho, com quem tenho o prazer de contar quando preciso compartilhar as coisas que me corroem o coração. Elas me sabem sem que eu necessite de explicar. Elas me amam, independente de qualquer ocasião incerta e me entendem, mesmo quando eu mesma não o consigo fazer. E não é fácil entender esse meu desassossego. Esse meu desatino de querer sempre e mais, mesmo sem saber o que, como se a vida fosse acabar a qualquer momento, como um gole curto de água que acaba antes da sede. Essa minha pressa de não sei, que se alterna com a minha inércia diante do que me amedronta. Esse meu jeito doido de ser feliz sem razão, de me entorpecer de sonhos, rir e chorar sozinha, imaginando coisas que, quiçá, nunca ocorrerão. Essa súbita coragem de correr o mundo em busca de um grão de amor. Não sei o que busco, mas sei que busco. E buscar é importante pra mim, me move, me motiva. Não quero segurança, nem dinheiro na conta, nem saber bem o dia de amanhã. Quero saber quem o dia de amanhã, entende? Quero saber amanhã que o ontem enche meu coração de risos, de guizos. Conquanto não sei o que dizer, sigo dizendo o que não penso.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Insanidade

Insanidade temporária e espero que não passe antes que eu ponha em prática o que preciso.

Em homenagem à minha súbita coragem:

"Não pense que o mundo acaba ali onde a vista alcança. Quem não ouve a melodia, acha maluco quem dança. Se você já me explicou, agora muda de assunto! Hoje eu sei que mudar dói, mas não mudar dói muito.

Dizia Erasmo de Rotterdan que o pai da loucura é Platão. A mãe dela é a juventude e e dizem que teve um irmão que batizou enstusiasmo e mora no Maracanã, passeia em casais abraçados e dorme no colo de Yansã.
A natureza não precisa de arte... O amor não precisa do poeta...
Às vezes, é o porto que parte e é o alvo que procura a seta.
Talvez seja filosofia, talvez seja falta de assunto...
Mas não há quem dirá (quem diria!) a verdade só, só junto que junto a verdade aparece e ser só metade é ser só, e só quem amou sabe disso.


Gigante olha a pedra e vê pó...."


Obrigada, Oswaldo!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Procv

Pensando com a pontinha dos dedos. Lendo limite branco, me dei conta que eu também espero. Na fila do pão, andando na rua, esbarrando em alguém. Eu também procuro, nessa maneira estranha de parecer, sobretudo a mim mesma, não precisar de ninguém e nada que me complete. Dei-me conta, Caio: " Quando escrevo poesia, é sobre isso que escrevo: o medo da solidão como sina. E vivo a lavrar o campo, a limpar a casa, a colocar as coisas nos seus lugares certos; só que o que eu espero é a Desejada, não a Indesejada. Eu espero a Vida, não a Morte. Não sei se ela virá. E não sei se apenas por estar dentro dela, isso significa que ela esteja em nós, em mim. (...) Gostaria de fazê-la sentir (e não só ela, mais todo mundo) que não preciso de ninguém. Mas não adianta: um dos meu males é ter medo de magoar as pessoas. Não precisar de ninguém... E há pouco me queixava de solidão. Eu não me entendo mesmo. Cansei de ficar escrevendo. Tem um sol muito bonito lá fora. Queria aproveitá-lo junto com alguém. Como esse alguém não existe, vou ter que aproveitar sozinho. Vou até a minha praça, na beira do rio. Ver o pôr-do-sol e, por um segundo, sentir uma alegria enorme. Depois, uma espécie de medo sem pergunta e a tristeza crescendo fazendo nascer a vontade de morrer. Ou de viver ainda mais, com muito mais intensidade." Alguém pode me presentear com um livro de Caio Fernando? Poderia ser Morangos Mofados. É, poderia. Eu já me dei Rubem Fonseca esse ano. Já me dei Saramago e Chico. Queria dar-me Bukowski, mas não o encontro em lugar algum. Velho Safado. Queria me dar alguém também, alguém que decerto não quer se ser me dado. Deu pra entender? Mas tudo bem, estou a ver correr o rio. Não passivamente, sabe? Porque até a música-tema da novela das seis sabe que nada muda se você não mudar. Estou definitivamente disposta a dar um passo quilometricamente maior que minhas pernas por um último apelo do meu apego que não vai embora. E nem alimentado ele está, estranha coisa. Estranha experiência essa... Então, momento de concatenar a vida, sabe? De reunir tudo que precisa ser reunido. Todos os aspectos da minha vida e pô-los para conversar, como numa terapia de casal, só que sozinho. Tramar o futuro, esquecer o passado. Someente o que deve ser esquecido. Somente o que falhou. Há algo bom que ainda não feneceu. E é nesse algo que me agarro. Deve ser esse o apego arraigado que mora no meu peito. Dândi, dândi. Só enxerga a si e se acha lindo. Mas deixa estar, morena, que amanhã é sábado, dia de sol e você vai respirar. Vai pro samba e assim, entre uma caipiruva e um sambinha, talvez pense melhor e resolva conseguir esquecê-lo. Ou talvez resolva-se a roubá-lo de vez.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Porquês

Se me sinto sozinha, se me perco Na régua exata e inequívoca do Tempo. Se proporciono ao universo um gozo imenso De rir de mim, sozinha e perdida, eu não entendo. Não compreendo, porque desígnios sagrados Sou tão errante, tão nômade de mim. Por que adentro estas casas, estes terrenos? Por que, certeira, acerto o passo ao desatento? Por que, por quê? Por que porquês tão sem fim?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Fim de Tarde

Fim de dia... De mais um. Novas perspectivas. Espero que dêem certo, porque seriam a confirmação de que um novo princípio se aproxima. Aliás, seriam a confirmação - corrijo - que as sementes que plantei para um novo princípio começam a florescer.
Que o universo conspira a favor dos meus planos. De todos: profissionais, estudantis, sentimentais e outros mais.

Yes. I've plans. And they'll go on.


[Ok, confesso, enquanto escrevo isso, me deparo comigo mesma, minha imagem, olhando pra mim com um olhar malicioso no vidro da janela em frente. E sorrio no canto da boca um sorriso diabólico.]

Ao delicioso som de Caro Emerald:

"Without him
I really don't mind
a little bit lonely
he'll make up in time
as long as he loves me
he'll answer his crime
the door stays wide open
I know that he's mine."


"When everything you think is incomplete
Starts happening when you are cheek to cheek
Could you ever dream it
I have never dreamed, dreamed a night like this"


[Wait for me, my darling. I'll sing this to you, very closer.
Don't fool yourself, my sweetheart: our mixtape isn't finished yet.]

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mentira

"Je ne t'aime plus, Mon amour...Je ne t'aime plus... Tous les jours."

Johnny Walker? Keep Walking?
Eu quero enganar quem?
Passaram dias, passaram meses - sim, meses já se passaram, por incrível que me pareça... - e eu ainda tô pensando nisso.

Estranhando-me, mas não sei.

domingo, 7 de novembro de 2010

Sim, eu também não sei.

É louco. E meio triste a gente procurar uma coisa assim que não sabe definir. Que na verdade, eu sei, não tá em ninguém além de mim, da minha insana criatura mascarada, presa nas paredes do corpo mesmo.
Essa angústia de alguma coisa incompleta, sabe? Acho que sou louca, acho que os loucos sentem isso.
Essa minha mistura de ceticismo e fé cega.
Como sei lá quem inventou um dia de dizer: É preciso fé cega e pé atrás.
Pintando as unhas da cor mais esdrúxula que eu consiga encontrar, talvez eu grite: Falta alguma coisa!
Retomando a faculdade, talvez eu me sinta mais ocupada em alguma coisa objetiva que deixe minha cabecinha oca a vagar em lugar nenhum, fingindo ter alguma coisa em que pensar e se negando a tomar alguma atitude quanto ao que penso ou sinto.
Não, meu amor, eu não quero mais fugir. Mas não quero tentar do mesmo jeito.
Quero ter ainda o que não tive, sabe? É uma coisa nova, que talvez vá me dar o sentido que falta, a verdade que ainda não acreditei mesmo.
Que tem motivo pra ser.
Sim, eu, você, a vida. Que não somos apenas seres vivos, com necessidades fisiológicas e nada mais.
Lógicas.
Na penumbra do meu quarto vazio, sem som de voz que me possa me dar prazer, alisar a alma, aquecer o coração, eu me sinto numa caixa.
Numa caixa esperando a primeira oportunidade pra fugir. O momento em que eu fatalmente vou esquecer a tampa aberta e vou sair correndo pra não voltar mais.
Eu vou fugir, eu sei. Dessa coisa estranha que tem me consumido que eu não consigo nem nomear. Que não me deixa dormir em paz. Que não me permite sonhar. Tampouco cair na real.
O que eu espero? Eu não sei. Não é uma espera que me paralisa. Talvez até me empurre, talvez até me faça saltar adiante, me impelindo para o que não sei.
Esses olhares que não me incomodam, mas me parecem tão vazios do que eu busco, sabe? E olho como quem diz: Não queria que você me olhasse. Não era você que eu queria que me olhasse.
Entende esse meu tédio, meu doce, entende. Porque é pura falta de alguma coisa que eu não sei.
E eu me ocupo de pensar que sei o que é.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Numa vibe de Charlie Brown Jr.

Num é... Pra ver como eu falo sério quando digo que sou musicalmente promíscua. Aqui, no Orkut... No ouvido.

"Que bom viver, como é bom sonhar. E o que ficou pra trás passou e eu não me importei, foi até melhor: Tive que pensar em algo novo que fizesse sentido.

Livre pra poder sorrir, sim... Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol!

Um dia eu espero te reencontrar numa bem melhor. Cada um tem seu caminho, eu sei foi até melhor...

Nossas vidas, nossos sonhos têm o mesmo valor..."


"Buscando um novo rumo que faça sentido nesse mundo louco, com o coração partido eu... Tomo cuidado pra que os desequilibrados não abalem minha fé.

Cuide de quem corre do seu lado e quem te quer bem, essa é a coisa mais pura...
Que importa é se sentir bem, que importa é fazer o bem.


Viver, viver e ser livre. Saber dar valor para as coisas mais simples.
Só o amor constrói pontes Indestrutíveis..."

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Depressão

Costumava brincar na varanda quando era criança. Com carrinhos de madeira e os sapatos ortopédicos, em uma alheiação a tudo na vida que é própria das crianças. Ou ao menos era.
Pensando nos tempos verbais me dou conta de que, um tempo no passado, eu era.
Sim, era. Porque hoje eu não sou. Hoje a alheiação é tudo que me define. Andando e vivendo de forma autômata. Trabalhando, chegando, pondo o lixo pra fora, alimentando o cão. Dormindo.

Dormindo...
Há quanto tempo eu não sonho?
Acordando.

Preparo o café numa xícara encardida de tanto receber o amargo café. Sem açúcar e em curtos goles, porque o sabor das coisas já não me interessa.
Não me interessa o cheiro do café, outrora agradável e sensual.
Não me interessa o gosto do pão quente, a manteiga derretendo.
Não me apetece.
Nada me apetece.

Dei-me conta, enfim, pensando nisso. Que um dia, eu amei. Um dia eu tive prazer, um dia eu fui feliz.
Lembrei-me vagamente, inclusive, de ter sorrido.
Quem me vê nunca acreditaria que um dia eu sorri. Esses músculos da minha face congelada, creiam-me, um dia, já se alargaram num sorriso. Já se esticaram numa gargalhada, que hoje eu não saberia imitar, até porque só consigo recordá-la muito vagamente, e nenhum canto da minha boca se move, ao fazê-lo...

Perdendo-me em pensamentos, lembro do dia que morri, ainda em vida. Ela foi embora.
Arrumou as roupas, que não eram muitas, numa mala pequena, de flores antigas, que já pareciam murchas, de tão encardidas.
Aquele jeito simples, que eu amava, aquele cabelo desalinhado, que eu adorava. O cheiro do cabelo dela, o cheiro do olhar dela se virando pra mim, pela última vez, num suspiro fundo, na última desesperança de que tudo se solucionasse, mas não havia solução. Tanto não havia, que ela nem repetiu a velha frase, mais uma vez...

- Não suporto mais essa sua parcimônia diante da vida.

A velha frase que eu não entendia. Ouvi, ouvi, ouvi. Irrelevante ouvir, se eu não a discernia. Ela não entrava... Soava aos meus ouvidos como um pedaço qualquer de uma música que sobremaneira não me interessava. Nem a repudiava, nem a introjetava. Ignorava-a.

Por algumas vezes, raras vezes. Acordei por instantes para a frase, e para a palavra estranha ao ninho da idéia: parcimônia.
Parcimônia diante da vida. Vida parcimoniosa. Parcimônia... A palavra ecoava preguiçosamente no meu cérebro pasmacento.
Nos segundos que conseguia me prender à frase, eu pensava: Ela deve querer dizer pasmaceira. Ela deve querer dizer letargia.

Porque eu era letárgico. Não sei por que, mas me parece que numa noite qualquer, minha alma fugiu de mim.
Eu comecei a ficar letárgico num dia de outono. Eu não fui sempre assim, eu não nasci assim. Não nasci um zumbi. Quando nos casamos, eu a carreguei no colo pra dentro da casa. Caímos na sala, às risadas, às gargalhadas. A casa era a chácara que ela quis. Com árvores frutificando na frente, com um poço coberto atrás, uma horta e umas galinhas.
Tinha uma varanda de madeira e cadeiras de balanço.
Ela fazia peças de tricô, crochê, nãoseiquê e enfeitava todos os cantos.

A vida parecia tão perfeita, mas um dia eu comecei a definhar. Num dia de outono acordei assim... Não sei o motivo. Me senti desanimado e apenas. Sei que não me dei conta. A princípio parecia cansaço, preguiça ou simplesmente tédio... Depois tudo me desinteressava. O amanhaecer, o anoitecer, o tédio, a vida. Tudo.

E, a despeito das inúmeras tentativas dela de me tirar da cadeira de balanço na varanda, e me levar a algum lugar, eu não sentia nenhuma vontade de sair. Eu queria ficar ali. Pensando em... minto. Sem pensar em nada. Nada ocupava minha mente. Nada. Era tão vazia, tão vazia, que eu quase podia sentir o vento a bater nas paredes internas da minha caixa craniana.

Então, a princípio ela tentava conversar. Sem arrancar de mim qualquer diálogo, ela parou. Começou a brigar. Gritava, esperneava, batia-me... E eu letárgico, não sentia nenhuma vontade de reagir.
Desistiu também.
O rosto antes rosado, sorridente transformou-se num semblante triste, amargurado, cansado, infeliz...

E mesmo percebendo claramente, eu não conseguia sentir nada. Absolutamente nada.
Qualquer sugestão dela, nas raras tentativas que ainda fazia, era replicada com um:

- Pra que isso? Vamos deixar assim mesmo. Vamos ficar aqui mesmo. Vamos dormir cedo.

Então, numa manhã, subitamente eu morri, quando ela foi embora.
Eu sentado na varanda. Ela se postou em pé ao meu lado. Pôs a mala no chão. Olhou pra mim uma última vez. Calada. Arrumou sobre os ombros o bolero de tricô. Suspirou... Porque acho que não tinha mais lágrimas. Tinha deixado todas as suas lágrimas impregnadas pelos cantos da casa. No travesseiro da cama, no avental na cozinha, na toalha de banho.

Não falou nada. Nenhum adeus, nenhum até logo. Nada. E eu a vi andar, sem olhar mais nenhuma vez pra trás. Deixou a porteira aberta, pra não se virar para fechá-la. Algo dentro de mim parecia, muito longuinquamente, muito muito muito furtivamente, tentar se desvencilhar da argamassa de nada que me paralisava, para suplicar: não vá.

Mas a muralha da China era menos que o que me aprisionava ao nada. E, apesar de saber que havia em algum lugar uma súplica desesperada que dizia: 'Você é a minha única esperança. Salva-me!', eu não disse nada. Não esbocei reação. Quase não a olhava, mas ao horizonte.

E quando ela se foi, eu morri. Mais do que já havia morrido. Tudo acabou. E não havia sensação de perda, nem de vazio, nem de nada. Tudo era. E não era nada importante.

Continuei sentado. A pensar no gato que morreu, lembro da árvore que está velha no jardim, e nem frutos dá mais. Ela tombará, um dia, inconsciente, ignorante de si, do que foi, do que é. De como, um dia, foi viçosa e floresceu. Frutificou, abrigou pássaros e crianças.
De como suas folhas cantaram em um dia de vento.

Ela leva uma vida parcimoniosa. Porque nada lhe interessa. Qualquer fruto agora é supérfluo. Basta esperar a morte.

Penso que somos iguais, eu e a árvore.

sábado, 18 de setembro de 2010

The big keeper

Celebrando Johnny Walker.
Keeping walker, ever.

E agora, resolvidamente seguindo adiante.
[Porque tem certas coisas na vida das quais desistir é um ato de coragem, de persistência e de muita fé.]








"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos, que são doces, porque nada te poderei dar. (...)No entanto a tua presença é qualquer coisa entre a luz e a vida.(...) ...e quero só que surjas em mim, como a fé nos desesperados.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos, mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir."

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Fragmentos

"Fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos..." C.B.

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos." C.F.

"Quero apenas cinco coisas. Primeiro é o amor sem fim. A segunda é ver o outono.
A terceira é o grave inverno. Em quarto lugar o verão.
quinta coisa são teus olhos...
Não quero dormir sem teus olhos... Não quero ser, sem que me olhes...

Abro mão da primavera para que continues me olhando."
P.N.

"Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo, por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... Também é bom porque em geral se pode ajudar muito mais as pessoas quando não se está cega de amor." C.L.
(Por esse motivo, apago o post anterior...)

"Você sabe que não sou mulher de arrependimentos, de olhar pra trás, essas coisas. A gente tem que mirar no alvo e atirar, pronto, foi. A flecha não volta. Se acertamos ou erramos, não tem volta. Foi assim que levei a vida sempre." C.F.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Nada a Declarar

Nem a reclamar.

Recebi um presente hoje. Tenho recebido esses presentes...
Dizem que existe um tempo de plantar, e um tempo de colher.
Acho que cheguei na segunda parte. Embora continue sempre tentando plantar...

É uma sensação indizível essa que tenho. Inexplicável.
Ser importante pra alguém. Pra alguéns, é o melhor presente que eu poderia ter na vida.

Não, não. Eu não sou perfeita. Estou longe de sê-lo, de fato.
Mas a certeza de estar no caminho certo, no caminho que eu acho certo. No que é importante pra mim.
Porque as pessoas que eu amo são importantes pra mim.
Estar sempre presente, sem ser invasiva.
Deixar claro o que eu sinto, sem ser inoportuna.
Dar espaço, sem deixar só.
Amar, sem esperar retorno.

Aprender a medida exata de ser.

Estou no caminho certo. Certo, florido. Exalando amor por todos os átomos.

Não posso dar a ninguém a dimensão do que sinto.
Talvez um pai (uma mãe), sinta isso ao olhar os olhos do filho.
Ou ao vê-lo sorrir.
Ou simplesmente ao observá-lo dormir.
Talvez um homem, diante da mulher amada.
Ou uma mulher, diante do homem que ela sabe ser aquele que ela buscava.

Talvez essas situações se equiparem ao que eu sinto. Quanto a elas eu não posso afirmar, talvez um dia possa.

Mas ao receber os presentes que tenho recebido, encho os olhos dágua, porque são espécies de selos, de lastros que me dizem: é por aí.

O caminho de luz, o caminho do bem.
Meus esforços não foram vãos.
Em cada ano, em cada momento, em cada situação da minha vida, mesmo nas piores, sinto uma divina vontade, um motivo, uma razão especial pra me transformar em quem sou hoje.

Então agradeço por todas elas. Por cada segundo. Por cada erro. Por cada arrependimento, por cada queda.

São tão pouco em relação a todos os presentes que recebo!
Que só posso me fazer rir.

Nada, absolutamente nada, poderia exigir da vida, porquanto tem me dado tanta felicidade.

Obrigada, Deus.
Obrigada, Luz.
Obrigada, Amor.
Obrigada, Vida.

domingo, 12 de setembro de 2010

Oh, no!

If you need to talk me something, please try something new, try a diferent way. Cause I'm really tired and sincerely disinterested about almost everything.
I don't want broken words or quoted music in profiles.
I don't need double-sense-phrases or some almost secret goodbye.
I already said good bye too many times before.

"I have no choice cause I won't say goodbye anymore"

So, try my cellphone or an email.

But please, don't repeat the same old bullshit.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Voando...

Os dias passam num galope ensurdecedor. Trotando, trotando.
De repente já conto mais de um mês. Já passou.
E foi semana passada que eu comecei a contar!

Os dias voam, asas de Ícaro.
Flap, flap.
E a cêra derretida pelo sol não cai.
Continua a voar líquida.

De repente eu me deito na relva, depois de uma corrida.
Apóio a cabeça nas mãos e olho o céu.
Respiro o azul do céu.
Sinto o vento.

Dá vontade de chorar de tão lindo.
Eu estou bem.
Bem, feliz, tranquila, calma. Nos eixos.

Eu sigo adiante.

À minha frente, a estrada aberta, levando-me aonde eu queira. Foi o que me ensinou Walt.

Sento agora. Agora apóio os braços sobre os joelhos.
Agora olho a estrada.

Tanta coisa a ser vivida, tanta coisa a ser descoberta.
Não, eu nunca vou cansar disso.
Nunca vou cansar do renovo, do botão em flor.
Nunca vou cansar do orvalho de cada manhã vindo de novo.
Da descoberta do que vem depois.
Nunca, nunca vou cansar de me renovar a cada dia.

De ser outra, em cada respiração.
Porque eu deixo entrar a vida. Deixo entrar as moléculas soltas por aí. De gente, de bicho, de tudo que eu desconheço, e conheço profundamente. E faz parte de mim.

E toda a vida eu deixei a vida entrar no nariz. Foi o Osw que me ensinou essa daí.

E quando você me encontrar de novo, eu já serei uma outra pessoa.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sementes

Ando meio na pressa, meio devagar. Como criança que saltita, se segurando pra não correr.
Plano sementes de amanhã, pra ter o que colher.

Há um sorriso que me derrete o gelo na alma.
Um olhar que aquece meu peito.
Uma voz que cheira a sândalo.

Vou cantando minhas inspirações pra saber valorar cada uma delas.
Não desperdiçando sentimentos, não desperdiçando minha razão.

Que poderia eu dizer que deixasse claro o que sinto?
Que poderia dizer que deixasse claro quem sou?

Acho que isso tudo é tão claro e tão sabido diante das pessoas que precisam saber, que não me suponho equivocada ao achar que não tenho que dizer...
Porque eu nunca me calo.
E, quando eu calo, é porque sei que o que eu tenho a dizer não será recíproco.

E quem quer dar um sim e receber um não?
Quem quer dar um abraço e não receber outro de volta?

Quem quer dar palavras quando só se recebe o silêncio.

É que quando a gente pensa assim, como eu, a gente foge do silêncio. Daí parece que se está fugindo de mais que isso.

Gosto do cheiro do perfume diário.
Gosto do sorriso matinal.
Gosto do abraço ao entardecer.

São pequenas coisas que me comovem.

Tenho amigas, tenho amores, tenho pessoas.
Meninas, flores. Amigos, amores.
Livros, poesia, telefonemas, horas a fio.

Tenho a mim, e um mundo vasto dentro então.

domingo, 29 de agosto de 2010

Prossiga, prossiga...

Eu digo a você que vá embora de uma vez. Que nada tenho a dar, que já não lhe tenha dado mais de uma vez. Todo meu afeto, toda a paciência, toda a compreensão, o amor próprio, a tolerância. Nada tenho a dizer que não tenha dito mais de uma vez. Que não tenha tornado atrás tantas outras.
Não há nada nessa vida que prenda você comigo. Nada em mim que me faça ter prazer em permanecer consigo.
Vá-se embora de uma vez. Que nada tenho a negar que tantas vezes já cedi.
Tudo isso já se gastou e tem tanto tempo, que não adianta vir de novo, cutucar pra ver se sai, pra ver se leva, pra ver se ainda tem de onde tirar.
Vá, vá embora, que não dá pra voltar atrás.
Cansei de te ver repetir sempre as mesmas palavras. Cansei de fingir não lê-las e não ouvi-las pra não destilar contra ti o que ficou de impressões.
Não te despejo raiva, ódio, rancor, mágoa, tristeza nem saudade, porque tudo isso já foi gasto.
Nem há nada engasgado a ser dito. Nem ha nenhuma mágoa. Nada sobrou, tudo tudo tudo já foi gasto até a raiz.
Vá-se embora de uma vez, que nem mágoa eu tenho. Nem saudade, nem tristeza, nem pena, nem cuidado. Vá, que tudo que um dia destilou-se do amor já foi usado.

Vá-se embora de uma vez, digo e repito. Porque se você está aí, nem tenho mesmo notado.

E eis a pior coisa que posso dizer, que enfim digo, porque não vejo mais como me livrar dessa sombra do passado: Não tenho nada a dar. Nem amor, nem dor, nem pena, nem cuidado. Nada que antes não tenha sido completamente utilizado.

Nem memórias, nem canções, nem lembranças do passado. Nada ficou.
Raspou-se (e faz tempo) o fundo do tacho.

Há um bom tempo eu sou feliz. Há um bom tempo penso em mim, penso em alguém, penso em horizontes que o amanhã me tem guardado.

E somente o que restou, eu dou agora, pra que nunca mais seja preciso repetir:
Essas palavras.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sei lá....

Tenho laços tão seguros
tão firmes, como fios
de tecelão habilidoso
tenho laços tão vazios.

Vazios que num repente
Se desfazem, se esvaem
Mas se esvaindo em si me levam
Nos farrapos que deles caem.

Esses laços quedos apanho
E em nós costuro a mitral.
Finalizo meu tecer rústico
com cimento, areia e cal.

E misturando os argumentos
Como quem inventa uma outra poesia
Não escolho matéria a compor
E se pudesse, não o faria.

Assim vou eu, entre cimento e nós.
Costurado meu cardioelemento,
Inverto a rima, reinvento o tormento,
E sigo, caminho torto, a sós.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Rasteiro

Meu cantar é sereno e obscuro Renato e profundo, impuro Rasteiro por caminho, sem lei A prosear com a folhagem, o vento A vilipendiar o tormento Servindo a si feito um rei Meu andar doido salteia Verifica na vida alheia Que não tem par com ninguém Que anda desajustado e sem veia A alardear na aldeia Que nunca achará, mas procura seu bem Meu olhar é negro e profundo Alternado feito viramundo Não pára em ponto qualquer Não se prende a chorar desarnado Nunca se dá por vencido e frustrado É duro igual todo olhar de mulher Meu coração a pulsar anda aflito Preso no peito, ouço o grito Do inocente que deseja ser tudo. Mas açoito esse doido e digo: Cresce, menino, cachorro, mendigo! Nada é pra ti, louco, cego, mudo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sem roupas

Quero sempre poder falar sem cobertas, sem roupas, sem meios termos. Quero sempre ser clara, límpida. Aquilo que se vê.

Sem rodeios, sem devaneios, sem ilusões.

Quero ser plena, e estou correndo pra isso.

Queria tanto poder dizer, sem meios termos, tudo que sou, tudo que sinto e tudo o que penso. Sobre mim, sobre ele, sobre você. Sobre nós.

Queria mesmo. Há tanto coisa em mim precisando sair, precisando se libertar, ardendo pra voar.

Essa coisa de viver, essa plenitude de ser, me impele a me jogar.
Uma vez eu escrevi sobre a pessoa que habitava em mim e queria sair, sabe?

Desde que você chegou, ela desencadeou num processo de escapar que eu não posso mais conter, sabia? Ela desejou muito, muito, ser o melhor, dar o melhor de si, não cometer erros passados, não se esconder. Ser plena de si. Talvez assim, ela me dizia, eu merecesse você.

Ela mentiu pra mim, disse que só viria até os olhos pra te ver. Pra ver os seus olhos. Só viria até o nariz pra te sentir o cheiro, só viria até a boca pra sentir teu hálito.

Mas ela não quer mais voltar lá pras vísceras. Ela agora vive me impelindo, me jogando pra frente.

Ela quer, ardentemente, viver. Que seja com ou sem você, porque ela sabe que não pode obrigar ninguém à reciprocidade. Ela entende tanto isso que se ri.

E eu também, rio com ela.
Ela é plena, e eu sou resignada. Mas ela voa, e me carrega com ela.
E acho que é precisamente ela que queria te contar meus segredos. Eu mesma, quando te encontro, nem sei o que dizer.

Dã dã dã

Eu queria te contar quem eu era desde que nasci. Queria que você soubesse cada passo que eu dei; cada vez que caí, cada outra que levantei. Eu sou assim mesmo, sabe? Minhas dores passam rápido, eu nunca me permiti sofrer mais do que deveria. E sempre acho que não devo sofrer nadinha. Mas isso não quer dizer que eu não queira, não quer dizer que eu não me importe, não quer dizer que eu nada sinta. Não é de estar explicando, é que as pessoas são assim, mesmo. Elas duvidam se você não grita. É como aquela música do Fagner que eu gosto: "Se eu berrar sem sofrer, todo mundo escuta." Eu sempre procuro deixar claro quem eu sou, o que eu quero, que eu amo, porque eu amo muito mesmo. Outro dia me disseram que o amor se banalizou. Que se diz que ama sem ter valor algum. Mas eu acho amar tão fácil. Amar sem esperar retorno, sem esperar nada em troca. Então, eu acabo amando mesmo muita gente. E fácil, facinho. Amo num relance. E não passa, segue comigo. Amo tanto, e tanta gente. Amo até as pessoas que passam, na rua. Acho-as, por vezes, tão solitárias, que não me custa amá-las. Sempre fui de sentimentos fáceis. Sempre deixei de lado os rodeios e abracei o que queria, despudoradamente. Falante, ousada, insólita. Nunca fui tangente. Sou de uma imprecisão absurda. Meu toque é leve, mas é irregular. Minhas linhas sempre saem tortas. Mas são transbordantes de poesia. E eu não sei querer pouco, eu sou o exagero, eu quero todas as coisas. Todas pra mim, sem ter que possui-las, entende? Elas me pertencem tanto quanto vivem livres por ai. E eu sempre fui assim, desde pequena. E eu desejei firmemente todas as coisas do mundo. Não que todas elas fossem minhas, mas que todas o fossem; verdadeiramente e de fato. Porque essas coisas, que são a si mesmas, tornam minha vida real. Desejei firmemente que seus olhos pequenos e claros ficasse firmes nos meus. Que tantas verdades parcialmente ditas se tornassem frases claras, pensamentos lineares e absolutamente, eternas. Desejei mais que podia dar, eu sei. Mas fui profundamente eu. Sempre, a cada momento.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Mais uma canção

Cabeça cheia de trabalho, planos (alguns já em prática), exames e estudos.

Até gostaria de escrever, mas o pouco tempo que me sobra é dedicado a... dormir! É, eu durmo...

Tenho dormido até demais... Mas sei que vai passar, é questão de um ou dois comprimidos.

Pausa de dois minutos no trabalho pra esfriar as engrenagens e pensar em alguma coisa fora do trabalho, ao providencial som de:

Mais uma Canção - Los Hermanos

terça-feira, 17 de agosto de 2010

De Photoshop a Bishop

The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.

–Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quando o Carnaval Chegar

De Chico.

"Quem me vê sempre parado,
Distante garante que eu não sei sambar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tô só vendo, sabendo,
Sentindo, escutando e não posso falar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

(...)


E quem me vê apanhando da vida,
Duvida que eu vá revidar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu vejo a barra do dia surgindo,
Pedindo pra gente cantar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar

Eu tenho tanta alegria, adiada,
Abafada, quem dera gritar...
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar..."

domingo, 15 de agosto de 2010

Remember me

"Whatever you do in life will be insignificant, but it's very important that you do it. Because nobody else will. Like when someone comes into your life and half of you says you're nowhere near ready, but the other half says: make her yours forever."

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Saudade

De repente você só se dá conta que alguém faz falta quando tem a oportunidade de se saber sem ele. Quando alguém que você quer bem sai, sobretudo quando a saída é sorrateira, ou suave, ou triste, você sente um vazio que vai se instalando, a princípio, sem motivo aparente. Como naqueles dias em que você não tem nada a fazer, e está no ócio, e pode jurar que está esquecendo alguma coisa muito importante, e sente aquela queimação no peito, sem identificar a razão. Ou quando você faz algo, mesmo que mínimo, e sua consciência fica te acusando, antes de dormir. Você se sente o réu, mas não sabe bem qual foi o crime.... Depois, você procura dos lados e não está lá. Você queria dizer pra ela (a pessoa) que isso está acontecendo: não dormi bem essa noite, acho que comi algo que me fez mal. E depois seus pensamentos se voltam pra suas atividades. Entretanto, hora ou outra, você lembra da pessoa, num vislumbre, num repente. A voz vem no ouvido sem, no entanto, vir. A imagem vem na mente, sem que você a veja em lugar algum. A risada, as conversas. Mas logo você esquece, tem atividades 'hodierníssimas' pra resolver. E quando algo inusitado acontece, você pensa: Vou contar pra ela assim que a vir. Seja o mais ínfimo dos acontecimentos... Quando você discute com o caixa do supermercado, quando você vê uma batida no trânsito, quando teu professor fez uma piada que ninguém riu e você ficou com pena e riu pra ser solidário. O pensamento sempre vem: ela vai rir ao saber dessa. Ela vai xingar o cara junto comigo, pra ser solidária. Vai dizer que a razão era minha e que ele era mesmo um pateta. E que ela xingaria a vó dele quando o encontrasse por aí. Os vídeos do Youtube, as propagandas na TV, o casal famoso que se divorciou na boate aos tapas. Os gols da segundona. E, sem se dar conta que a saudade estava surgindo discretamente, você percebe que algo está faltando. Até se dar conta do que é, demora. Até perceber que é dela, demora. Então tem aquela hora, aquela hora típica, em que todos os dias você a via. Ou ouvia a voz dela. Ou contava coisas pequenas do seu dia, que não fazem diferença pra ninguém, mas ela gostava de contar e ouvir. E rir, e te devolver outras histórias dela. Nessa hora, a ansiedade vem, o peito arde. Você espera, espera, espera... Em vão. Espera, mesmo sabendo que ela não virá. Sem expectativas, mas com uma tímida esperança. E você se pergunta: Cadê? É uma vontade inequívoca de trazer as coisas ao que eram antes. Antes de ela não estar ali. Antes de tudo mudar. Mesmo que não haja como. Algumas vezes há, outras não. Às vezes, ela só foi ali. Demorou dois dias. Mas a saudade não tem o discernimento de saber a diferença. Mesmo que vá ali e demore a voltar, mesmo que seja alguém com quem você só fala, e não vê, mesmo que seja alguém que você sabe onde foi e por quê. Mesmo que você provoque a ausência, por bem ou por mal, por descuido ou por poesia, por coragem ou covardia... E você a queria perto, pra mais do que fazia antes, porque agora você entendeu que está com saudades, e que saudade é um indício de que ela faz parte de você, e você precisa um pouco dela pra viver. Seja como for. Porque nós somos mesmo extremamente egoístas. Até o mais altruísta dos homens é, por natureza, zeloso de si. E sentimos falta do que faz parte de nós, do que nos constrói. Do que somos. Então você quer ela ali, segura, ao seu lado, garantindo o seu bem-estar. Matando aquele bicho corroento que perturba seu sono. Das duas uma: ou ela volta, com um saco de pães quentinhos na mão e um sorriso no rosto. E tudo reestabelece seu equilíbrio. (E quando isso acontece, das duas uma: iu você entende que precisa dela, dá-lhe um abraço apertado sem que ela entenda por que e procura fazer tudo aquilo que antes ela pedia, ou queria e você não queria corresponder, ou fazer.... Ou então, tudo volta a ser exatamente o que era antes. E você esqueceu que um dia sentiu saudade. Ela é uma parte de você, apenas. Como um braço, como um dedo. Como uma unha. E só se ela se ausentar você vai notar de novo.) Ou a outra: Ela não vem nunca mais, e nunca mais nada volta a ser como era antes. Ou ela vem, mas nada é mais como era antes. Ela veio diferente. Como o astronauta de mármore. Voltando mais pura do céu. Não é, de longe, a mesma pessoa. E daí, você sente, dói, e depois passa. Às vezes demora, às vezes é ligeiro e fulgaz. Às vezes dói feito cair o elevador, de uma vez, imensamente forte e única. Ou às vezes chove o ano inteiro a chuva fina. E você não tem mais a oportunidade de fazer tudo aquilo que procrastinou, em prol de vê-la mais feliz. E o mundo segue seu percurso, até que não doa mais. Até seu arranhão estar sarado, com ou sem cicatriz. Até sua ferida funda estar cauterizada, com uma cicatriz que dói nos dias frios. Mas eu espero que ela volte. Prometi que nunca mais declinaria seus convites. Espero, então que ela volte pra mim. Sei que voltará mais pura do céu. Mas que a essência seja aquela doce e sorridente, carinhosa e dedicada. Que me ama, incondicionalmente. Espero, sentadinha aqui, cuidando da vida-sem-ela. "Sem mais, a vida vai passando no vazio. Estou com tudo a flutuar no rio, esperando a resposta ao que chamo de amor..."

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Verdi

Everything in the world is a jest.
The man is born as a jester,
His faith is trembling in his heart,
As well as the reason.
We always fool ourselves!
We fool each other.
But who laughs at the final joke
is the one who laughs better.

Tutto nel mondo é burla. L'uom é nato burlone, la fede in cor gli ciurla, gli ciurla la ragione. Tutti gabbati! Irride l'un l'altro ogni mortal. Ma ride ben chi ride la risata final.

sábado, 7 de agosto de 2010

De manhã

É muito cedo quando o meu dia começa a raiar. É ainda escuro quando meu coração acorda. Às vezes, aos sobressaltos, preocupado com isso ou aquilo que eu não posso determinar. Sonhei vários sonhos. Todos com pessoas distantes com as quais eu não falo há alguns dias. Ou mais. Uma cobra com cabeça de cachorro, à beira da morte, me sorria e conversava comigo. Sonhei que tinha amigos que não conheço. Engraçada essa minha coisa de sonhar. Eu só sonho sonhos completamente incompreensíveis. Mas meu coração acordou bem calminho!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Tu tome tento...

Ao som de "Altar Particular"..

Ando me repetindo muito musicalmente. Nunca mais Chico, nunca mais Oswaldo, nunca mais Radiohead, nunca mais Brasov, nunca mais Gogol Bordello, nunca mais John Mayer, nunca mais Vicente Celestino, nunca mais Xangai...

É que tem épocas que a gente se engancha em cada coisa que não vale a pena...

Mas música sempre vale a pena, mesmo que repetida.

Que nem livros. Não tenho muita paciência pra repetir livros que já li. Mas como ando sem novos, ando me repetindo nos mesmos.

Queria Budoswski, meu velho safado, mas não acho em lugar algum. Queria Caio Fernando, também. E Sylvia Plath. Mas é difícil achar o que eu gosto em prateleiras repletas de best sellers.

Hoje cedo estava pensando numas conversas que andei tendo com uma figurinha. E ri quando disse que perdi tempo lendo "Quem mexeu no meu Queijo?", mal escrito, mal diagramado, mal revisado, cheio de erros e de um tipo de raciocínio que o mais novo dos meus sobrinhos seria capaz de desenvolver.

É, a inteligência é genética. A burrice também. Mas aqui em casa só tem geniozinho.

Não tinha nada a dizer, percebe-se.

Então vou ali cantar 'altar particular' no chuveiro...

Gente que não merece meu respeito:

... gente que fala do que não sabe.
... que diz de cara que não dá.
... homem que fala fino.
... mulher que fala em falsete.
... advogados em geral.

Nada me incomoda...

Então minha veia verborrágica por escrito está sem nada a dizer.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

My Orkut Profile - 1st register

Te escrevo, enfim, me ocorre agora, porque nem você nem eu somos descartáveis."

Tenho lido muito Caio Fernando. Sem nenhuma razão específica. É que sou de fases, como a lua. Li muito Saramago há algum tempo atrás, li muito Kafka depois, li muita revistinha em quadrinho.

O Caio Fernando tem despertado em mim uma hiperconsciência das coisas, uma sensação de supraperpepção, como se, de repente, eu soubesse de tudo que sinto, de tudo que sou, de tudo que fui e como cheguei até aqui.

Uma vontade de escrever também. Se bem que escrevo muito, sobretudo quando algo me incomoda. Mas é uma vontade estranha de amar, sabe? De ser amada, de abrir os braços e sentir o vento no peito, de respirar, de ver o céu azul, de - de repente - usufruir de todas as coisas que eu deixei passar durante tanto tempo, porque estava ocupada com coisas mais sérias e importantes.

Fiquei pensando nele, hoje de manhã, enquanto vinha pra o trabalho. Num dos textos, e em vários, ele fala do quanto teme a solidão, do quanto anseia conhecer o amor, a amizade, aqueles que fazem a vida valer a pena. E eu percebi que sei exatamente o que ele está falando.

É, porque, querendo ou não, a gente vive exatamente em função de encontrar aquilo que faz a vida valer a pena. A gente vive à espera de poder cantar abraçado na beira do mar: 'É isso aí, como a gente achou que ia ser, a vida tão simples é boa quase sempre...' Vive, sim. E eu também. Não é aquilo em que eu mais penso, mas é aquilo que mais me move.

E eu, que alardeio tanto que vivo pra mim, me pego pensando que vivo tentando me melhorar, crescer espiritual, profissional, intelectualmente, me melhorar físicamente, pra deixar 'a mesa posta, a casa limpa e cada coisa em seu lugar', como bem Caio citou Bandeira. E como ele bem disse, esperando a Desejada das gentes, e não a Indesejada. Eu anseio pela vida, e não pela morte.

Admito. Estou cheia de planos. Quero realizar tudo que eu quis desde que era uma menina. Quero retomar meu lugar dentro de mim, minhas rédeas, viajar, fazer alguma coisa muito bem feita, ser uma excelente profissional diplomada, pós-diplomada, falar mais de uma língua, cantar no chuveiro, me sentir bem comigo, me sentir bem com meu corpo, com a minha alma, ter um mundo vasto de cultura dentro de mim, conversar sobre qualquer coisa, desde novela a futebol, passando pela cultura afegã. Quero ter o sorriso mais bonito e mais sincero, o olhar mais carinhoso, dizer o que penso e o que sinto sem receio de magoar, de invadir, de ser magoada, de ser invadida.Quero meu canto, quero meu lar, quero minha sala e um violão, ainda que eu não saiba tocar. Quero meus amigos, meus discos, meus filmes, meus livros.

Quero ir embora daqui, caminhar de manhã no Leblon, esbarrar com o Chico Buarque.

Mas de tudo o que eu quero, o que eu mais quero é ser um presente, e dar esse presente a alguém, alguém que o mereça muito, que saiba o exato valor, nem menos nem mais e que leve consigo, como um amuleto, pra onde for, com filhos, e sorrisos, e nada mais.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Overdose

Só pra enfiar mais fundo o dedo em qualquer coração desapercebido:

"O melhor a fazer é deixar “lavrado o campo, a casa limpa, a mesa posta, com cada coisa em seu lugar”, como disse o poeta. E mesmo assim, talvez eu continue a fazer as refeições sozinho durante toda a vida.

(...)

E vivo a lavrar o campo, a limpar a casa, a colocar as coisas nos seus lugares certos; só que o que eu espero é a Desejada, não a Indesejada. Eu espero a Vida, não a Morte. Não sei se ela virá. E não sei se apenas por estar dentro dela, isso significa que ela esteja em nós, em mim."


Só pra constar: o poeta, Manuel, escreveu:

"Quando a indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar."

Compartilhando meu amor...

Compartilho, porque não sou egoísta. Falo dos meus amores abertamente, porque tenho orgulho de amá-los. E esse, ainda mais:

"Ontem isso quase aconteceu. Foi na hora que a chuva parou, à tardinha. De repente parei de ler o livro que tinha nas mãos e senti vontade de me aproximar da janela. Vi então as árvores da praça, ainda pesadas de gotas d’água, vi o asfalto que parecia novo, o céu lavado, algumas pessoas ainda com guarda-chuva, um arco-íris lá no fundo, atrás dos morros. O sol estava se pondo também, e embora eu não pudesse vê-lo, enxergava os caminhos coloridos que seus raios pintavam nas paredes dos edifícios. E — de repente — senti. Estava tudo muito bonito, e muitas vezes eu choro quando tudo está assim, bonito. Mas não foi isso.
Comecei a olhar as coisas desde os detalhes da janela até lá onde estava o arco-íris. Olhei o vidro quebrado, o carros estacionados lá embaixo, o asfalto, as pessoas, as árvores, a praça — meu olhar subindo cada vez mais. À medida que subia, eu ia esquecendo de meu corpo, esquecendo de mim. Quando olhei o arco-íris, me desprendi quase totalmente. Não adianta, não, sei explicar. As palavras traem o que a gente sente. Mas sei que, por um instante, quase senti. (...)
Acho que o fato de ser só é inevitável, independe de fatos externos. Há pessoas que nascem para serem sós a vida inteira. Eu, por exemplo. Acho que mesmo que um dia case e tenha uns dez filhos (coisa que não me atrai nem um pouco, diga-se de passagem), ou mesmo que consiga encontrar a amizade que sonho — e de cuja existência a cada dia mais e mais duvido — acho que mesmo que aconteçam essas coisas, continuarei só. Claro que há a minha própria companhia, este diário, o livro que leio, as drogas que escrevo de vez em quando — mas tudo como que circunscrito a um círculo completamente fechado. Freqüentemente me assusto, pensando que a vida vai acabar sem que eu encontre um grande amor ou uma grande amizade, ou mesmo uma grande vocação que justifique esse isolamento. Mas nada posso fazer, estas coisas acontecem sem que a gente a procure. O melhor a fazer é deixar “lavrado o campo, a casa limpa, a mesa posta, com cada coisa em seu lugar”, como disse o poeta. E mesmo assim, talvez eu continue a fazer as refeições sozinho durante toda a vida.
Muitas vezes tentei dizer essas coisas às pessoas. É tão difícil. Se elas são adultas, o que fazem é sorrir meio de lado, como quem diz: “Mas isso faz parte do jogo.” E se são da minha idade, me olham com um olhar onde se reflete o meu próprio desamparo, dizendo palavras que a minha voz também poderia pronunciar. É assim com Marlene. Foi assim com Bruno. Só agora eu sinto que a minhas asas eram maiores que as dele, e que ele se contentava com o ares baixos: eu queria grandes espaço, amplitudes azuis onde meus olhos pudessem se perder e meu corpo pudesse se espojar sem medo nenhum. Queria e quero — ainda. Voar junto com alguém, não sozinho. Mas todos me parecem tão fracos, tão assustados e incapazes de ir muito longe. Talvez eu me engane, e minhas asas sejam bem mais frágeis que meu ímpeto. Mas se forem como imagino, talvez esteja fadado à solidão.
Quando escrevo poesia, é sobre isso que escrevo: o medo da solidão como sina. E vivo a lavrar o campo, a limpar a casa, a colocar as coisas nos seus lugares certos; só que o que eu espero é a Desejada, não a Indesejada. Eu espero a Vida, não a Morte. Não sei se ela virá. E não sei se apenas por estar dentro dela, isso significa que ela esteja em nós, em mim."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Fico vivendo uma vida toda pra dentro, lendo, escrevendo, ouvindo música o tempo todo."

E se eu tivesse um blog onde só escrevesse Caio Fernando, ainda assim, seria tudo eu...

"Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva."

"E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo (...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era."

"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estpu certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora."

"e desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja também uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que me faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez."

"Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e, pois não ficava. Completo, partiu."

"Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar."

"Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém."

"Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem".

"Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções."

Lunch Time

Procurando poesia em pé de estrada
Em pé sujo de poeira
Em nascente de rio, deitada de lado, em cabelos ao vento.
Numa rede na varanda.

Procurando poesia em sono de tarde,
em dormir junto na rede,
em encher de almofadas o chão e ver TV.

Procurando poesia em viver abertamente
Tranquilamente e sem jogos
Sem vícios amargos e sem virtudes intocáveis.

Procurando poesia em trabalho
Chegar em casa cansada, ao fim do dia,
tomar um banho e conversar.
Em ouvir e falar.

Procurando poesia em uma caminhada na serra
Em um fim de semana na praia.
Em filhos correndo na areia.
Em crianças sorrindo em qualquer lugar.

Procurando poesia em dormir agarrados e suados,
Em se conhecer, se repetir,
sem receios, sem demora, sem lentidão,
Em calar e sentir.

Toda a minha poesia é rasteira.
É onde eu a acho.

Indicação?

Indicaram meu outro blog - que agora é um despejo de entulhos verbais escritos não-comestíveis e impublicáveis - a um prêmio não sei das quantas, não sei de quem, não sei de onde. Não sei por quê.

Também não sei pra que.

Eterna Ressaca (título-homenagem ao meu querido bode abstinente...)

Confissão I


Sua vertente alcoolatra realmente está assumindo o posto - digo, como quando um bi vai tendendo descaradamente ao homossexual - quando é terça e você acorda em plena madrugada, depois de ter ido dormir altinha - algo entre um eufemismo e uma meio-literalidade - vendo Bastardos Inglórios no computador - sem entretanto conseguir evoluir, ou seja: você acabou mesmo vendo só o que você já tinha visto (sendo que você recomeçou de onde havia parado) - e acorda às duas... digo, às três... digo, às quatro... com um gosto horrível de cabo de guarda-chuva na boca - que só a antarctica sabe deixar -, toma um sal de andrews e vem ao computador, escrever um texto totalmente incompreensível - exceto aos alcóolatras - e cheio de excertos de si próprio - em itálico, pra diferenciar mais - sobre o gosto de cabo de guarda-chuva na sua boca.

Sim, era tudo pra falar do cabo do guarda-chuva.

E não me venham com comparações fálicas, porque - merde, alors - vamos ser tortos, mas assim, também não.

Confissão II

O caso é que, além de acordar com essa sensação deliciosa que permeia e faz arder todo meu sistema digestório, da faringe ao estômago, revirando até o esôfago, eu acordei com o corpo em polvorosa... ardendo, queimando... pedindo desesperadamente que eu tomasse uma atitude drástica sobre isso.

Vocês sabem do que é que estou falando... Sabem sim! Não se façam de rogados. Duvido que eu seja a única a passar por isso... Du-vi-dê-ó-do!

Aquela sensação que vem de súbito, um calor que sobe pela coluna, arrepiam-se todos os poros e você só consegue pensar: tenho que... tenho que... preciso... preciso...

E o sono entra em desespero, reclamando sua hora. E você se abraça arraigado a ele, agarrando o travesseiro, mordendo o travesseiro, querendo não se mover de onde está, não se virar, não se contorcer na cama - no meu caso, na rede - e atender aos apelos desesperados do seu corpo, que pede, que geme, que grita, que urge por uma solução.

Isso... Aquela solução solitária que corta as nossas madrugadas. Que nos faz, forçosamente - não deliberadamente - implorar por um movimento extremo, em prol de sossegar o apelo que faz o corpo queimar, das entranhas até o cérebro, que vem de baixo e sobe pelos quadris, vem pela barriga, arrepiando, contorce-lhe o corpo e arrepia a nuca.

Não dá mais, não dá. O sono já foi. O sossego da madrugada já foi rompido. Você tem que...




Você se levanta, e vai ter que ir ao banheiro... Porque definitivamente, aquela carne de sol acebolada com macaxeira não lhe caiu nada, nada, nada, nada bem...

Foi o que me aconteceu.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Amar é...



É interessante perceber a importância de algumas pessoas ímpares na nossa vida.
Conversando pelo skype hoje cedo com a Lê, quando deveria estar trabalhando (mas eu estava...), vejo que é bom ter pessoas a quem amamos, e que nos amam, independente de toda nossa confusão mental, física, química, matemática, fisiológica e ambiental.

Percebi, por ver o quanto a quero bem, como é bom tê-la na minha vida.

Já tivemos - e temos - nossos momentos de estranheza e distância. Há, claro, pontos em que não nos acordamos por nada no mundo.

Mas, de fato, ela sempre está lá. E eu sempre estou, também.
Depois de um fim de semana meio infernal, é bom saber que não sou a única.

Aliás, não somos. Acho até que somos as três mosqueteiras. O Bode pode até ser o Dartagnan, embora ele tenha uma cara de puto mesmo.

Porque é com uma cara de pau incondicional que nos admitimos uma perante a outra.
É pra elas que eu me permito chorar pelo que quer que me incomode.

Não minha mãe, não meu pai.

Juntas, nos esforçamos por afogar as mágoas (que usam bóias, as malditas). Juntas rimos, choramos, bebemos, conversamos, brigamos.

Há mais que elas duas na minha vida, de fato. Há bem mais. Há um pequeno e seleto mundo de gente que eu guardo comigo e guardarei por onde for.
Lucianas, Alines, Gigis... Há minha listinha de pessoas prediletas.

Mas, de toda forma, é fundamental tê-las comigo. Compartilhar as coisas mais absurdamente íntimas. As mais idiotamente ridículas, que não vale a pena contar pra ninguém. Elas adoram ouvir.

Eis que, no meu pequeno rascunho de planos, na minha rude arquitetura de sonhos, em que planejo quais meus passos até o final do ano, que planejo como vou conseguir o que almejo, risco nomes e escrevo outros, risco risos, escrevo lágrimas, risco lágrimas, escrevo risos, na minha rabiscada agenda de como vou conseguir escolher (finalmente) o que quero ser da vida, onde quero trabalhar, que horas vou malhar, em que praça vou sentar vendo mudas de amendoeiras, quando vou tirar minha habilitação, quando vou comprar uma motoca pra ir à praia, quantas vezes vou ao cinema, ao teatro, como vou retomar o curso de inglês, e começar o de francês, em que novos sonhos eu vou ingresssar....

Eis que me deparo com a patente verdade: Elas estão comigo. Como o Zeca Baleiro bem me diz:

"Você vai comigo aonde eu for, você vai bem, se vem comigo.
Serei teu amigo e teu bem; fica bem, mas fica só comigo."

sábado, 31 de julho de 2010

Trilha Sonora


Todas as músicas de despedidas são minhas hoje.

"Acalma essa tormenta e se aguenta que eu vou pro meu lugar."

Deixando roupas e sentimentos que não me cabem mais pra trás.
Em busca de novos horizontes.
Elaborando minha wishlist de sonhos,
minha wishlist de coisas,
minha wishlist de vida.

Sigam-me os bons!

Dia Comum

Foi numa dessas tardes comuns que reencontraram-se na rua. Estavam caminhando.
Ela, fumava um cigarro (a despeito de não se separar com vírgula o sujeito e o verbo, ela o fazia) mentolado e pensava nos poemas de Bandeira sem, no entanto, se lembrar completamente de nenhum.

Espanca ela sabia, Vinícius ela sabia, Pessoa, Camões, Augusto dos Anjos. Drummond ela até sabia algumas coisas. Cecília, outras. Até textos do Veríssimo e do Sabino. Até crônicas de algum autor que ela não lembra.

Mas do Bandeira, só frases: "...pensando na vida e nas mulheres que amei", "...tudo que poderia ter sido e não foi", "pneumotórax", "tango argentino".

Poemas? Não...

Ele, desatento da calçada, não separava com nada o sujeito e o verbo, nem usava a vírgula de cigarro, nem usava poemas como pensamentos. Ele pensava... ele pensava...
Não sei em quê ele pensava.

Esbarraram-se na calçada. Ela, pensando em poemas; ele... não se sabe nem se pensava.

Cumprimentaram-se. Descoordenadamente, ou codesordenadamente. Timidamente. De maneira afável. Um pouco surpresos, eu diria, com o encontro inusitado. Cumprimentaram-se.

De repente, toda a coincidência do reencontro fazia sentido. Toda incoerência, de repente. Toda a incongruência parecia perfeita. Como o caos criador. Como a entropia.

Sentaram-se na calçada e conversaram. Sobre todas as coisas do universo. Parecia que nada mais existia entre ambos. Só aquela fraternidade estranha de que só fazem parte as pessoas que não tem muita parte neste mundo.

Todos os assuntos vieram à tona, compor o momento.

Deu a hora. Anoiteceu. Estiveram lá. Sem dormir, ou acordar, sem parar, sem deixar de falar. Estiveram lá. Sem mãos dadas, sem afago, sem carinho, sem amor. Sem nada. Somente estavam ali, rememorando... Não, rememorando não mais, porque tudo que podia já tinha sido rememorado. Só falando sobre coisas afins. Alheias a ele e ela.

Raiou o dia.

Estava na hora de dormir a boemia.

Despediram-se, prometeram se falar sempre.

Ele, foi-se, pensando na poesia. Levou dela o cigarro na mão. Mentolado.
Ela foi-se. Pensando em... pensando em...

...não sei bem.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Shiu....

Se são grandes as verdades que exponho,

maiores são as inverdades que guardo comigo.

merde alors again..

beaucoup.

lots of.

Cattivissimo.


Adorem-me, palavras, me enrosco em vocês, passando a perna por cima, quando me deito na rede. Adorem-me, minhas amantes multissexuadas.

É com vocês que me agarro quando meu dia foi pessimamente gripado, ouvindo coisas que eu não tenho interesse nenhum. De parte a parte, não é daí que eu gostaria que viessem.

A história estranha

Contavam que ela andava pelas ruas, sem saber pra onde ia.
Todos os dias vinha de não sei onde, andava, andava e nunca chegava.
Foi o que me disseram da primeira vez que a vi.

Cabelos desalinhados, rosto queimado de sol, olhar perdido.
Roupas puídas e um sorriso de canto nos lábios, mas que mais parecia um sorriso de tristeza.

Ninguém mais se apercebia dela, tão comum era vê-la subir e descer ruas.
Dizem que a seguiram algumas vezes pra saber onde ia. Mas ela nunca chegava.
Dizem que iam sempre no sentido contrário ao que ela vinha, pra saber de onde ela vinha, mas nunca encontravam.

Sem nome, sem direção, sem sentido, sem origem, sem destino.

Ainda assim, ela sempre estava andando. Não havia um dia em que ela deixasse de passar pelas ruas. O sorriso no canto, sublinhado de tristeza.

Eu também fiquei tentada a segui-la.
Fiquei tentada também a descobrir de onde ela vinha.
De perguntar seu nome, de saber da sua história.

Mas inerte, somente as pernas a andar, meio torta pra um lado, com o olhar vago no horizonte, ela não deixava margem a qualquer questionamento.

Ninguém a interpelava, frustradas fossem todas as tentativas anteriores.
Ninguém a cumprimentava, não obstante fosse completamente desnecessário; não haveria resposta nunca.

Contavam mil histórias milaborantes: Perdeu os pais em um acidente, teve um rim roubado, mataram seus filhos, comeram seu cachorro, arrancaram suas rosas.

De fato, ninguém havia que soubesse nada a seu respeito. E, sem nenhum respeito profundo, sem nenhuma solene consideração, todos a ignoravam, embora a soubessem sempre ali a andar.

Quando eu cheguei àquela cidade, quando eu cheguei àquele vilarejo, quando eu cheguei àquele lugar, perdido, ermo, sem nome, desabitado, todos eram fantasmas.

Todos eram pessoas que não viviam, não falavam, não respiravam, não sonhavam. Todos andavam feito zumbis, pela manhã, imaginando pastas na mão, imaginando negócios a tratar, imaginando o carro a guiar, imaginando filhos de quem se despedir, imaginando uma mulher a beijar.

Quando eu cheguei, ninguém falava comigo. Ninguém conseguia me olhar, envoltos estavam numa névoa cinzenta, que lhes parecia um arremedo de vida.

Somente ela, parou, me olhou, sorriu e disse:
- Estive esperando sua chegada.

- Nós nos conhecemos?

- Sim.

- E quem é você?

- Você.

Merde Alors...

...Tous Les Jours!